Quem tiver ouvido as declarações de Dias Loureiro à RTP e depois à SIC, certamente ficou convencido de uma única coisa: a história do BPN, da SLN e dos cambalachos de Porto Rico que foi por ele relatada está muito mal contada. A fantasia não está ao alcance de todos. É natural que neste país onde um ex-dirigente partidário, que foi ministro e depois se lançou nos negócios, chegando a presidente de uma holding que controla um banco cujo conselho de administração nunca reuniu, porque tem um modo informal de gestão, não havendo sequer actas do que foi decidido pelo principal responsável desse banco durante anos, seja possível explicar com a maior cara-de-pau como se chegou até aqui com a maior seriedade. Mas daí a fazer de nós parvos ainda vai mais alguma distância. Pouca, é certo. Então o Dr. Dias Loureiro foi pedir ao Banco de Portugal uma maior atenção ao BPN e fê-lo verbalmente, não procurando salvaguardar a sua posição, mantendo-se ao serviço da instituição (sendo pago para isso, presumo) e assinando sem reservas as contas do banco? E quando saiu não disse nada sobre isso, não voltou a falar com o Banco de Portugal para pedir ainda maior atenção? Ficou tranquilo e descansado a contar os milhões? O Dr. Dias Loureiro não é um mentecapto nem um esquizofrénico que não perceba a gravidade do que relatou e o melindre da sua actuação enquanto responsável da SLN e do BPN. O que torna necessariamente mais difícil aceitar as explicações que deu e as razões para agora querer fazer dos outros parvos. Parvos sim, mas não tanto!