sexta-feira, novembro 21, 2008

MINI-CRÓNICA DE UMA SEMANA TURBULENTA

As lutas continuam. Dito no plural tem mais força. A dos professores por uma nova avaliação e a dos sindicatos pela suspensão da que existe. Ambas prosseguem imparáveis. A falta de olho político de quem permitiu que a situação descambasse no actual caos é significativa. Foi preciso António Vitorino dizer o óbvio ululante para o generalato se reunir com agenda especial. Depois mandaram a única que dá de facto a cara nessa guerra, a senhora ministra (carregando nos iis, como dizem os sindicalistas e os camaradas do PCP), para explicar aquilo que devia ter sido dito e feito há um ano atrás. Antes da contestação sair à rua. A turbulência astral da semana não perdoou nem Governo nem oposição. Manuela Ferreira Leite vai aos poucos abrindo caminho para a sua saída, graças a algumas gaffes que têm tanto de manifestas quanto de genuínas. É da sua natureza. Cada um é como é. Não valia a pena fazer das declarações que proferiu um "caso político". São muitas? Pois são, mas distrair as atenções e atacar uma senhora não é bonito. Parece que à falta de melhores temas tudo serve. Isso também não desvia o olhar do que se vai passando nos mercados financeiros e gasolineiros, mas ao menos garante que o petróleo deixou de ter o monopólio. O preço não pára de cair. Nada mau para quem vai ter um Natal triste e pobre, cujo único alento poderá vir a ser apenas o preço do fuel para as visitas da quadra. Para os mandriões que na perspectiva dos constantes iluminados do Banco de Portugal recebem o subsídio de desemprego, poderá ser o remédio para esticarem um pouco mais o tempo de farra. Novas oportunidades virão. O drama estava na má gestão das fortunas. São elas que tecem as rendas de alguns negócios. A Quinta Patiño perdeu classe num instante. Fazer um banco para gerir a massa dos empreiteiros, dos homens da bola e dos generais sem tropa nunca poderia dar bom resultado sem a mãozinha do Estado. Esta é a resposta para as distracções do supervisor. Gente curvada com o peso dos sistércios, das fundações de bolso e das offshores virtuais, dificilmente seria topada no meio dos greens. Só quando a relva fosse cortada. Por isso esteve mal, muito mal, Teixeira dos Santos. Dele e dos seus homens, sejam da supervisão ou do fisco, já tudo se espera. Os fins também servem para justificar os meios. É pena que assim seja. E ainda há quem diga que a ajuda a alguns bancos só estará completa quando o Estado criar uma linha de crédito exclusiva para chulos. Não vale a pena. Louçã por uma vez teve razão. Com o caso Casa Pia em hibernação outros rosários prosseguem. Vale por isso a pena aguardar para ver o que vai acontecer com a novela BPN. O extremo mau gosto de Oliveira e Costa confirma-se. Nisto os políticos de Aveiro levam a palma. Os seus conterrâneos Madaíl e Loureiro que o digam. Em matéria de gravatas está tudo dito. Mas ter chamado à instituição que fundou e presidiu "Banco Português de Negócios" raia o cúmulo do mau gosto. Gente séria vagueando pelos corredores de um banco com trogloditas nados e criados para a política e a alta finança no reino do Cavaquistão, é um cenário de horror em qualquer filme medíocre. Se lhe tivessem chamdo "Banco Português de Negociatas", ninguém teria levado a mal. E sempre havia a vantagem de todos saberem de antemão com o que podiam contar. Assim, com Isaltino calado, só sobram Menezes e Santana Lopes. É muito pouco para tanta tristeza.