quarta-feira, novembro 12, 2008

DISCORDO

Não concordo com a maior parte das apreciações que têm sido feitas da ministra da Educação. Pode-se discordar do caminho seguido, da excessiva agressividade do discurso em relação aos professores ou de uma certa inflexibilidade. Mas não me parece que tenha tiques salazarentos, ao contrário do que pensa Alfredo Barroso, nem que seja o estereótipo do "quero, posso e mando" de que se queixava Manuel Alegre. Falta-lhe elegância e savoir faire político. Não lhe faltam ideias nem determinação. Num sector tradicionalmente avesso a reformas, que durante anos foi gerido de maneira a não fazer ondas nem incomodar as Suas Excelências dos sindicatos, que ao longo de décadas foi o primeiro bastião da ignorância e da iliteracia dominante, em que a má educação de alunos e de alguns professores até se tornou proverbial nas respectivas manifestações de descontentamento, não é fácil encontrar alguém disposto a correr os riscos que Maria de Lurdes Rodrigues tem corrido em defesa de um programa e de uma ideia. Mas se a senhora não tem uma equipa à altura, se não tem conselheiros preparados, se está rodeada de "yes man" de poupinha com as quotas em dia, então competia ao primeiro-ministro fazer alguma coisa. Não me parece é que os descabelados ataques de que tem sido alvo, alguns deles dirigidos por destacados socialistas, contribuam para alguma coisa. Bem pelo contrário, só servirão para ajudar ao achincalhamento da ministra, sem fazer a separação de águas entre o bom trabalho - as reformas, a colocação de professores e avaliação -, o menos bom - o processo de avaliação - e o mau - a inépcia política para lidar com os sindicatos e os professores. Por alguma razão se contam pelos dedos de uma mão os ministros que conseguiram fazer o lugar durante toda uma legislatura. É que não é fácil lidar com aquela gente. É preciso ter paciência, muito estofo e poder de encaixe. Em especial para os golpes baixos que vêm de dentro. Não te parece, José?