A abstenção de voto de Manuel Alegre em relação ao pacote de apoio à banca deveria ser explicada. Não sendo ele um meias-tintas, seria bom que isso fosse esclarecido para que pudéssemos todos perceber se para ele era mais importante deixar uns milhares de portugueses ainda mais pendurados - como pretendiam o PCP e os seus acólitos - ou dar confiança ao sistema bancário e financeiro, sossegando os espíritos. Ele poderá não saber, mas consta por aí que já há quem levante aos 500.000 euros para guardar debaixo do colchão. É claro que os bancos não podem confirmá-lo, mas seria bom que ele meditasse nisso. Há alturas, como ele bem sabe, em que é preciso tomar partido. Bem sei que não é fácil agradar a gregos e a troianos, mas a abstenção nunca foi solução de coisa alguma. A não ser que a sua atitude seja já um sintoma da indiferença de quem se aproxima da reforma e já não quer saber disto para nada, o que não deixaria de ser um péssimo sinal, mais a mais vindo de onde veio.