terça-feira, setembro 30, 2008

PRAXES IMBECIS

Esta tarde, a determinada altura, comecei a ouvir uma voz feminina aos berros num megafone, com uma discursata que me fazia lembrar alguém num quartel a falar aos recrutas. Fui à janela do meu gabinete e vi, entre os carros estacionados e pelo passeio fora, onde muitos cospem e os cães de Faro continuam a fazer impunemente as suas necessidades, um grupo de rapazes e raparigas deitados no chão, de barriga para baixo, sujos nos cabelos de gema, clara de ovo e farinha. Elas tinham uns collants que em tempos terão sido vagamente brancos, todos eles envergavam uma espécie de batas pretas e amarelas. Tinham as caras pintadas. A tipa do microfone berrava uma cantilena imperceptível. Pouco depois, os que estavam no chão receberam ordem para se levantarem e lá seguiram todos rua fora, alegremente, devidamente enquadrados pela tal tipa do megafone e mais uns quantos marmanjos de t-shirts brancas, corsários e chinelos. Percebi que os das t-shirts brancas, que pastoreavam os mais novos que estavam deitados no chão, faziam parte de um qualquer comité de boas vindas aos caloiros de Sociologia da Universidade do Algarve. Fiquei elucidado. Quando será que estes analfabetos comprenderão que as pretensas praxes que conduzem, repetidas ano após ano pelas ruas da cidade, não asseguram a continuidade de nenhuma tradição académica, não passando de uma demonstração da imbecilidade e da boçalidade de quem as organiza?