terça-feira, junho 24, 2008

CONGRESSO DO PSD: UM PROBLEMA DE VARIZES


Foi Alberto João Jardim quem, numa penada, e antes mesmo do seu termo, fez o resumo do Congresso do PSD, que decorreu no fim-de-semana passado e durante o qual os congressistas aproveitaram para entronizar Manuela Ferreira Leite como sua nova líder. Ao dizer que não iria a Guimarães porque não tinha tempo para andar a brincar aos partidos e tinha problemas de varizes, que recomendavam que não viajasse frequentemente de avião, o soba da Madeira mesmo sem querer garantiu a excelente votação que a Drª Manuela obteria nas listas apresentadas, reforçando o resultado das directas. A brincar Jardim deu o mote: acabar com a brincadeira e secar as varizes. Ora, é isso mesmo que a nova líder se propõe fazer que, comos e vê, tanta irritação causou na Madeira e no Algarve sem justificação alguma. Desde a precipitada fuga de Durão Barroso, seduzido pelo tilintar dos Euros e dos badalos da vaca de Bruxelas, que o PSD teimava em não conseguir arrumar a casa. Como é natural numa casa com muitos filhos, cuja mãe nunca apareceu e que já era órfãos do pai desde a fatídica noite de 4 de Dezembro de 1979, a saída de Barroso deixou tudo num pandemónio. O mais traquina, que não o mais velho, quis tomar conta da economia familiar e o resultado produziu-se em meia dúzia de meses: Pedro Santana Lopes, incapaz de pôr ordem no quarto dos brinquedos, acabou também ele aos tiros no corredor, deixando no ar um irritante cheiro a fulminantes, as torneiras abertas depois dos duches matinais, as luzes acesas toda a noite, o volume da música sempre no máximo, as irmãs esquecidas na discoteca por causa dos shots de tequilla e as contas dos iogurtes por pagar na mercearia, ante o desconforto da vizinhança que ficou toda em polvorosa com tamanho arraial. Marques Mendes ainda tentou remediar a coisa, fechando portas e janelas e tentando dar um ar sério à sua actuação, mas sua pública e notória inépcia e falta de talento, não impediram que um grupo de adolescentes sedentos de protagonismo se unisse contra o tutor, desatando a berrar contra ele pelos ralos das portas e pelas condutas de ar, assustando os demias condóminos, ao mesmo tempo que se queixavam de inexistentes maus tratos, só tendo descansado quando subiram à chaminé da casa e subsituíram o tradicional pavilhão da família social-democrata por uma bandeira de fundo azul dos índios da Quarteira. Nessa altura Marques Mendes desistiu. O que se seguiu é de todos conhecido. Durante mais seis meses os fantamas andaram pelo corredor, discutindo aos berros com os senhores de fato castanho e camisas de nylon às riscas e com os cobradores, enquanto os vizinhos telefonavam para um tio por afinidade e bardudo que trabalhava numa empresa chamada Quadratura do Círculo a ver se ele dava uma mãozinha. E deu. A entrada de Manuela Ferreira Leite, vem, suponho eu, colocar um ponto final na bagunça vivida naquela casa. O Congresso do PSD representou o epílogo das reuniões preliminares dos múltiplos conselhos de família que foram as campanhas e as directas. Durante uns tempos não vai haver quarto de brinquedos para ninguém. Os mais traquinas vão para um colégio interno, os índios que foram da província engordar para a capital vão começar a dieta. Já tresanda a creolina. Quanto às varizes, tanto quanto me foi dado perceber Alberto João Jardim pode ficar tranquilo. Ele na Madeira poderá cuidar das suas, começando por secar as da bazófia, do clientelismo e da regionalização, que quanto à Drª Manuela, pelas horas em que tem estado de pé, pela determinação de que tem dado provas e pela gente de que se rodeou, não terá o mesmo problema. Tanto barulho para nada.

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