segunda-feira, fevereiro 18, 2008

O GATO E O RATO

A sucessiva divulgação de situações menos claras - escutas, despachos, pareceres contraditórios, fotocópias, leis à medida, etc. - envolvendo o ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes e membros do seu executivo no affaire Estoril-Sol, começa a querer transformar-se num jogo do gato e do rato. Aliás, com muitos gatos e muitos ratos que vão alternando nos papéis. Tão depressa é acusado o governo de Durão Barroso, referindo-se a existência de um eventual acordo deste com a Estoril-Sol, como logo a seguir vem o presidente da Comissão Europeia, por intermédio de uma porta-voz autorizada, ou antigos membros do seu governo, negarem a existência de qualquer entendimento com a concessionária do jogo, rejeitando qualquer hipótese de favorecimento e lançando o odioso sobre Santana Lopes. Se a divulgação dos pareceres e das cartas e as tomadas de posição públicas não trouxeram grande luz à embrulhada gerada, incluindo as declarações de ontem à noite de Pedro Santana Lopes na SIC - o homem farta-se de fazer publicidade ao Expresso! -, já o mesmo não se pode dizer das elucidativas conversas de Abel Pinheiro apanhadas pelas escutas. Neste ponto, apenas sei que a conta e consideração em que aquele dirigente do CDS tinha Telmo Correia não abona rigorosamente nada a favor deste seu companheiro de partido e ex-ministro do Turismo. Confesso que quando me recordo dos tempos de faculdade não imagino o Telmo a beneficiar alguém, muito menos uma concessionária do jogo. Um jeito, um bilhete para as corridas, ainda vá lá; agora uma coisa tão descarada ...nem pensar. E se o tivesse feito, o que está longe de ser verdade, não me parece que o fosse de forma voluntária. Sendo um tipo bem formado, esse não é seguramente o seu registo. Mas lá que a forma como tudo aquilo foi gerido denota ligeireza, amadorismo e total impreparação, parece-me indiscutível. A bem dizer, a actuação de Telmo Correia não destoou da de Paulo Portas ou de Santana Lopes. A diferença está apenas no grau de perfídia, ou de ingenuidade, da actuação de cada um. Para já, a única solução talvez seja mesmo a de aproveitar a sugestão de Mário Assis Fereira e fazer reverter, se houver interesse nisso, o edifício para o Estado no final da concessão. Sempre é mais fácil fazer reverter o edifício do que esclarecer o negócio dos submarinos. Restaria saber se Teixeira dos Santos estará disposto a dar alguns trocos aos mandarins da Estoril-Sol. Com as inundações que tem havido por estes dias em Lisboa, é provável que com tanta água à solta mais alguma coisa fique a descoberto. Só nessa altura será então possível saber quem é que usava flutuadores. Stanley Ho não costumava oferecê-los nem à própria família. O último govenador de Macau que o diga.

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