quarta-feira, janeiro 02, 2008

COERÊNCIAS À MODA DE GAIA


Acto 1: O líder do PSD, Luís Filipe Menezes, mostra-se preocupado com a "interferência" do Governo no BCP e com a passagem de Santos Ferreira e outros gestores da CGD para o banco privado. Segundo ele, o maior banco do país e o maior banco privado não podiam ficar "controlados" por socialistas.
Acto 2: O líder do PSD, Luís Filipe Menezes, indica Miguel Cadilhe como sendo o homem a nomear para a CGD para restabelecer o status quo entre os dois partidos do bloco central.
Acto 3: O Governo indigita um ex-ministro do Comércio e Turismo, militante do PSD desde 1974, para presidir à CGD.
Acto 4: Miguel Cadilhe, que assim se vê afastado da liderança da CGD, por troca com outro militante do PSD, resolve solicitar uma prorrogação de prazo ao presidente da mesa da Assembleia Geral do BCP para apresentar uma nova lista para os órgãos sociais do banco.
Acto 5: Luís Filipe Menezes vai à Madeira e aproveita para pedir ao Governo que dê instruções às empresas públicas ou participadas pelo Estado para se demitirem do seu papel de accionistas, não votando na assembleia geral do BCP do próximo dia 15 de Janeiro, com o argumento de que assim o banco privado poderia ficar livre das ingerências do Governo.

Não curando de apreciar a bondade da asneira de se pedir ao Estado que entregue os seus direitos de accionista a terceiros, seria bom que Luís Filipe Menezes esclarecesse se no caso da CGD e do BCP ficarem, hipoteticamente, nas mãos de militantes do PSD, como Faria de Oliveira e Cadilhe, isso já não constituiria um desequilíbrio entre os partidos e uma ruptura com a tradição, tornando-se aceitável o que antes, em seu entender, era uma afronta e uma ameaça ao funcionamento escorreito do mercado.

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