quarta-feira, novembro 14, 2007

PÉSSIMO JORNALISMO


Ontem, diversos órgãos de comunicação social fizeram eco da aquisição de "veículos de luxo" para o Ministério da Justiça, num período de contenção orçamental e à revelia do Ministério das Finanças. À tarde, o ministério emitiu um comunicado esclarecendo que "a referida aquisição de veículos pelo Ministério da Justiça deu-se no estrito cumprimento do enquadramento legal" e que a aquisição de seu com "a autorização do Ministério das Finanças". Com efeito, refere o comunicado "pelo despacho 46/AC/07 do Director-Geral do Património em 3/4/2007, “proferido no uso dos poderes delegados/subdelegados pelo despacho n.º 10 874/2006 (2ª Série), de 2 de Maio de 2006, de S. Exª. o Secretário de Estado do Tesouro e Finanças, publicado no DR II Série n.º 95 /2006, de 17 de Maio de 2006, foi autorizada a aquisição de quatro viaturas da marca Volkswagen pelo valor total de 135.717,60€, c/IVA incluído. Pelo despacho 47/AC/07, na mesma data, ”foi autorizada a aquisição de uma viatura marca Audi, pelo valor de 35.784,46€, c/IVA incluído”.

Mais esclareceu o Ministério da Justiça que "esta aquisição de veículos realizou-se através da Central de Compras do Estado ao abrigo de um contrato público de aprovisionamento celebrado pela Direcção-Geral do Património" e que "os serviços centrais do Ministério da Justiça perderam recentemente 14 viaturas, tendo 6 sido abatidas e 8 devolvidas, por ordem do Tribunal, à Polícia Judiciária e à Direcção-Geral do Património".

Eu esperava que hoje tivesse sido dado igual destaque a este comunicado pelo Diário de Notícias, tanto mais que havia sido dada a primeira página à notícia da aquisição dos veículos, quer online quer no papel. Mas não. Hoje não encontrei nada a destacar o esclarecimento do Ministério da Justiça. Pelo menos na edição online. Pelos vistos isso não era importante. Nem isso nem dizer que a anterior aquisição de viaturas (2 Peugeot 406) pelo Ministério da Justiça ocorrera já em 2001. Nada disto foi dito ou esclarecido. Como também não foi dito, nem na altura nem depois, por que razão o jornalista, mesmo em período de contenção, considera carros da Volkswagem, da gama média, como viaturas de luxo. Ignorância ou má fé? Eu inclino-me mais para a segunda, visto que há imensos jornais e revistas dedicadas ao automóvel, onde o jornalista poderia ter adquirido alguma informação sobre os critérios para se poder considerar um carro como sendo da gama baixa, familiar, da gama média, um topo de gama ou um carro de luxo. Há critérios! Aqui houve ainda a agravante de até se querer confundir a economia de meios ou a sua exiguidade com a pelintrice. Esta, não sendo aceitável na imagem dos órgãos do Estado, é sempre insuportável. Mesmo entre os pobres. E isto, ao menos, o jornalista devia saber. Seria o mínimo.


P.S. Não tenho procuração do Ministério da Justiça.

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