quinta-feira, novembro 29, 2007

A NÃO PERDER


Só de o ouvir algumas vezes, eu já tinha desconfiado do novo secretário-geral do PSD. Lá no fundo, bem no fundo, eu tinha as minhas razões, embora não soubesse ainda ao certo quais. Também é verdade que desconfiei da entourage da nova direcção e do presidente do PSD, ou seja do próprio Luís Filipe Menezes, mas aí havia alguns que eu já conhecia de outras andanças. Disso dei conta oportunamente neste espaço. Mas hoje a revista Sábado fez o favor - bendita Sábado! - de publicar uma curiosíssima entrevista com o "Bacalhau Seco", alcunha pela qual é conhecido Ribau Esteves. Assim, ficamos a saber, se ainda houvesse dúvidas, que estamos na presença de um sobredotado. De especialista em rações, o que dá sempre jeito quando se tem controlar o apetite dos candidatos à manjedoura, sonha em chegar a primeiro-ministro. Não lê porque prefere "os romances da vida" e é acusado pelos correligionários de ter chegado ao poder na sua distrital depois de uma chapelada, numas eleições disputadas contra esse outro exemplo do PSD que se chama Hermínio Loureiro. Para além de ter sido condenado por difamação, facto menor e irrelevante no seu percurso político, ainda arranjou tempo e coragem para condecorar a própria mãe! Nem o general Rocha Vieira, que sozinho deve ter atribuído mais condecorações e louvores nos anos em que esteve em Macau do que todos os generais e presidentes de Portugal juntos desde a implantação da República, se atreveria a tal. Mas há tipos levados da breca. Ribau é um deles. Faça-se justiça. Não posso deixar de admirar o alto nível e de lhe gabar a coragem, tanto mais que eu seria incapaz de condecorar qualquer familiar, ainda menos a minha própria mãe. Temo é que, atento o percurso e o estadão do autarca, ele se torne num émulo dos demais autarcas deste país e estes sejam levados a seguir-lhe o exemplo. Óbvio é que para chegar a esta entrevista Ribau Esteves já contou com a preciosa ajuda da agência de comunicação e imagem de António Cunha Vaz. Imaginem, por isso mesmo, o trabalho que esta ainda terá de fazer para tornar o personagem numa figura à imagem e dimensão do respectivo umbigo. De caminho, não posso deixar de elogiar a paciência e o profissionalismo de Cunha Vaz. Quanto não deverá custar e valer trabalhar com figuras desta dimensão? Apenas para abrir o apetite dos leitores deste blogue, em especial para aqueles que algures em Angola, na África do Sul ou em Macau, não podem ter acesso à revista, aqui deixo algumas frases, reproduzidas com a devida vénia, e com o conselho de que será melhor pedirem a alguém que a compre para o vosso sapatinho antes que os figurões do Gato Fedorento ou do Inimigo Público açambarquem todos os exemplares para os oferecer pelo Natal. Este número da Sábado ainda vai valer muito dinheiro.


"Se queremos uma gaja boa como o milho temos de a namorar" - frase respigada de um discurso numa inauguração;

"Sim, filha, há por aí mais algum granel?" - frase dita ao telefone com a sua adjunta na Câmara de Ílhavo;

"Ser populista é ter uma relação próxima com as pessoas. Qual é o bom populista? Aquele a quem os cidadãos entregam a gestão dos seus interesses" - a sua definição de populista;

"Os meus hobbies são a Câmara e o PSD".

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