terça-feira, outubro 09, 2007

MAUS SINAIS

A visita de dois agentes da PSP, à civil, às instalações do Sindicato dos Professores do Centro, a pretexto da obtenção de elementos sobre uma manifestação que se encontra agendada para quando o primeiro-ministro visitar a Covilhã, apresenta contornos estranhos e que carecem de urgente clarificação por parte do poder político e da hierarquia policial. Sabe-se que esses dois agentes pertencentes à PSP da Covilhã, sem aviso prévio, entraram nas instalações do sindicato e pese embora a ausência de qualquer dirigente, asseguraram ao único funcionário presente que se tratava de uma "acção de rotina". Que eu saiba, no Portugal democrático, não existem acções de rotina em sindicatos legalizados por agentes policiais à civil e sem aviso prévio antes da realização de manifestações programadas e autorizadas. O método é conhecido e durante muito anos foi praticado neste país à luz da Constituição de 33. A sua reedição não deixa de ser preocupante, tanto mais que dias antes um grupo de pessoas, não interessa se professores, se comunistas ou se simples arruaceiros, foram impedidos de se manifestarem durante uma visita de Sócrates a Montemor e as faixas que ostentavam devidamente recolhidas. Se somarmos estes episódios ao famigerado caso "Charrua" que opôs um tipo mal educado a uma serventuária do Ministério da Educação com funções de directora, as proporções que isto começa a tomar exigem uma tomada de posição firme e imediata por parte do poder político. Bem sei que o ministro da Adminsitração Interna já ordenou a instauração de um inquérito, mas o problema é que isto não vai com inquéritos. Ou quem está em cima se demarca deste tipo de atitudes e de comportamentos persecutórios e consegue meter rapidamente os serventuários na ordem ou vamos ter reedições do caso "Sousa Lara/Saramago" à escala local e regional. Como partido democrático, tolerante e habituado a conviver com a crítica, o PS não pode admitir este tipo de tiques autoritários e policiais sob pena de perder toda a razão e de ser confundido com uma minoria, que habituada a ser mandada, é indigna de exercer qualquer poder, por pequeno que seja, e incapaz de distinguir aquilo que deve ser uma actuação conforme a lei de uma actuação acintosa e intimidatória, por isso mesmo ainda mais intolerável num Estado de Direito.

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