quarta-feira, julho 04, 2007

MAIS UM CONTENCIOSO CANALHA COM ANGOLA

Desta vez o pretexto foi a proibição por parte das autoridades comunitárias do voos da TAAG para a Europa.

Ao longo dos anos, as autoridades angolanas, ora por via de inexplicáveis princípios de reciprocidade, ora para justificarem as suas próprias omissões, ciclicamente investem contra Portugal e o Governo português, tentando à mais leve brisa colocar em causa o secular relacionamento entre os dois povos, assim confundindo os interesses da nomenklatura ex-marxista e ex-comunista, com os interesses do povo mártir de Angola.

Os angolanos sempre tiveram uma maneira muito especial de estar, fruto das vicissitudes da sua história, mas muitos dos seus dirigentes mais não têm feito do que procurar enxovalhar as autoridades portuguesas e o povo português, responsabilizando-os por todos os seus falhanços e insucessos e pela merecida crítica que, quantas vezes, nasce dentro do próprio Estado angolano.

Esquecem os dirigentes de Angola, ao contrário do que ainda hoje ouvi a um senhor vice-ministro, que não existem razões nem causas obscuras para a proibição agora imposta aos voos da TAAG, que ainda há pouco mais de duas semanas um avião da TAAG falhou, sem justificação, a aterragem em Mbanza Congo e que mesmo na Europa há companhias sob apertada vigilância.

Os dirigentes angolanos continuam a pensar que o facto de terem petróleo e diamantes, cujos proventos em vez de entrarem nos bolsos dos angolanos continuam a encher os bolsos da camarilha dirigente que vai fazer compras a Paris e ao Rio de Janeiro e que almoça e janta com os Falcone, lhes dá o direito de insultar e enxovalhar os portugueses, de não cumprirem regulamentos internacionais ou de voarem como muito bem entendem pelo espaço aéreo de terceiros. Como se houvesse razão ou principío que justificasse as declarações, melhor diria as ameaças, que foram proferidas pelo tal vice-ministro, ou o que ainda recentemente aconteceu, por exemplo, no caso Mantorras.

É natural que muitos dos que criaram riqueza à força das armas, da corrupção, do esportulamento indecente das riquezas de Angola e de relações de poder obscuras, tenham alguma dificuldade em aceitar regras, quaisquer que elas sejam, desde que estas não lhes garantam mais proventos e novas posições de domínio.

Mas essa é apenas mais uma razão para que a União Europeia não se acobarde aos interesses de Luanda e o Governo Português não se coloque, uma vez mais, de cócoras. O povo de Angola merece mais. E muito melhor.


P.S. Talvez seja de toda a conveniência reler, em mais esta hora amarga das relações com Angola, o que escreveu Pepetela, em especial em "Predadores", um magnífico romance que espelha bem as contradições do poder de Luanda e da sua casta dirigente, ou, ainda, as sempre oportunas memórias do antigo embaixador de Portugal em Luanda, Pinto da França.

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