quinta-feira, maio 17, 2007

QUASE ELEITO


Não o senhor da foto, mas o António Costa, que acabou de deixar de ser ministro de Estado e da Administração Interna, e só esta tarde irá anunciar a sua candidatura à Câmara Municipal de Lisboa. Irá contar com o meu total e incondicional apoio, embora eu discorde da sua canditatura. Não que Lisboa não o mereça, mas porque entendo, por um lado, que ele era mais necessário ao Governo do país do que à Câmara, e porque continuo a pensar que os políticos, ainda mais sendo profissionais, têm compromissos com os eleitores e não apenas para com os partidos em cujas listas são eleitos. Sei que ele não deixaria o Governo se não tivesse a certeza de que a solução encontrada não iria beliscar a eficácia do executivo, mas outras soluções eram possíveis sem necessidade de se investir contra o prestígio das instituições, colocando uma vez mais em causa o contrato eleitoral.

Certo é que António Costa ainda nem sequer proferiu as primeiras declarações à comunicação social e já se prepara para fazer o pleno. Para já, conseguiu que Ana Sara Brito integrasse a comissão administrativa até às eleições, e reuniu o apoio de José Miguel Júdice, de Saldanha Sanches e do arquitecto Manuel Salgado. O meu amigo Orlando da Costa já não está entre nós, mas seguramente que ficaria satisfeito de poder assistir hoje ao anúncio da candidatura do António.

Com todos os defeitos que possa ter, e alguns terá certamente, com todas as críticas que lhe possam ser assacadas, em especial por funcionários públicos descontentes e autarcas ressabiados, certo é que o António é um dos políticos em que ainda se pode confiar em matéria de valores, em especial honestidade e decência. E isto já não é nada pouco nos dias de hoje.

Por isso mesmo também não estranho que tenha escolhido José Miguel Júdice e Saldanha Sanches como seus mandatários. Este último como seu mandatário financeiro e dizendo que aceitava tal encargo por acreditar que é possível fazer uma campanha sem dinheiros sujos. Não tenho dúvidas disso e é bom que assim seja.

Contudo, não posso deixar, desde já, de formular dois votos: primeiro, que a Câmara não seja lugar de acolhimento dos boys e girls, dos conhecidos, filhos e sobrinhos de familiares, amigos e companheiros do partido. É preciso acabar com essa dança e com a multiplicação de assessores e de adjuntos, impondo algum decoro. Em segundo lugar, que o António cumpra os dois anos até às próximas autárquicas e depois que se recandidate, cumprindo o mandato até ao fim. Lisboa não espera outra coisa. A democracia exige que assim seja.

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