Muita gente tem estranhado o silêncio do primeiro-ministro sobre as dúvidas levantadas pela obtenção da sua licenciatura. Mas eu também estranho o silêncio da oposição, que tirando um fogacho no dia da saída da primeira notícia, nunca mais abriu a boca sobre o assunto. Será que esse silêncio se explica pelo facto de Marques Mendes ter também dado aulas de “Direito da Comunicação” na Universidade Independente no ano lectivo em que Sócrates concluiu o curso? Não sei que especiais qualificações tinha Marques Mendes, nessa altura, que o habilitassem a dar aulas numa Universidade. Possuía um mestrado? Tinha um doutoramento? Tinha obra publicada e reconhecida? Ou o convite à leccionação foi mais um favor político?
Na minha vida profissional e académica registei numerosos exemplos de doutores que não o eram, de agentes técnicos agrícolas promovidos a “senhores engenheiros”, de simples desenhadores tratados como “senhores arquitectos”, de licenciados em Direito que se intitulavam “advogados”, de políticos analfabetos e medíocres rotulados como “estadistas” e até de professores primários que surgiam em listas do protocolo como “professores doutores”. Em Macau, até vi publicado em Boletim Oficial a elevação a licenciado de um tipo que, chegado semanas antes, era detentor de um curso que não conferia licenciatura. Outro, que era conhecido pelos calotes que dava, como fazia parte de uma clique, foi proposto para dar aulas de cidadania. E por aí fora. Nada disso é novo nem me espanta num país como o nosso em que o título na testa, mesmo que ninguém saiba como, onde e quando foi obtido, confere dignidade e honra a qualquer escroque.
Sei, todavia, que há silêncios particularmente incómodos, mas nem por isso menos significativos, e que dizem muito sobre os telhados de vidro da nossa classe política.
Na minha vida profissional e académica registei numerosos exemplos de doutores que não o eram, de agentes técnicos agrícolas promovidos a “senhores engenheiros”, de simples desenhadores tratados como “senhores arquitectos”, de licenciados em Direito que se intitulavam “advogados”, de políticos analfabetos e medíocres rotulados como “estadistas” e até de professores primários que surgiam em listas do protocolo como “professores doutores”. Em Macau, até vi publicado em Boletim Oficial a elevação a licenciado de um tipo que, chegado semanas antes, era detentor de um curso que não conferia licenciatura. Outro, que era conhecido pelos calotes que dava, como fazia parte de uma clique, foi proposto para dar aulas de cidadania. E por aí fora. Nada disso é novo nem me espanta num país como o nosso em que o título na testa, mesmo que ninguém saiba como, onde e quando foi obtido, confere dignidade e honra a qualquer escroque.
Sei, todavia, que há silêncios particularmente incómodos, mas nem por isso menos significativos, e que dizem muito sobre os telhados de vidro da nossa classe política.
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