O Jornal de Notícias divulga hoje que o ex-presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portugesa de Futebol, o senhor Pinto de Sousa, "admitiu que foram alterados relatórios de observadores/avaliadores de árbitros de forma a 'salvar' juízes da descida de categoria ou a 'condenar' outros à despromoção".
Mais adiante, o JN esclarece que "quando confrontado com o teor de escutas telefónicas que davam conta de alterações de classificações de árbitros, Pinto de Sousa justificou essa conduta pela sua 'maneira de ser' e pela preocupação em estabelecer uma forma de justiça relativa nas descidas e promoções de categoria".
Não tendo sido a notícia do JN objecto de qualquer desmentido, tenho que aceitar a bondade dessas afirmações e acreditar que não só são reais como foram proferidas pelo tal Pinto de Sousa.
O problema neste país é haver dirigentes e políticos, como o senhor Pinto de Sousa, que consideram normal a falsificação, a fraude e a burla, as quais deverão ser entendidas como padrões de comportamento a seguir no espaço público, admitindo-se desde logo que as inerentes manipulações, vigarices e moscambilhas, são aceitáveis desde que resultem da vontade de corrigir "injustiças" e traduzam "uma maneira de ser".
Ontem, também fiquei a saber, via SIC Notícias e Rui Santos, que o dr. Guilherme Aguiar, embora não faça parte do actual Conselho de Justiça da Liga, esteve na sede do órgão por causa da punição/recurso da pena aplicada a um jogador do FC Porto que se chama Quaresma. A que título? Ninguém sabe, mas eu admito que fosse por uma questão de feitio, hábito, sei lá, maneira de ser.
Mas independentemente das razões que terão levado à aplicação da pena ao referido jogador e ao protelamento da decisão sobre o recurso, ao que se diz devido a um inadiável jogo de bridge do responsável máximo por aquele órgão, o que se verifica é que com apito ou sem apito a "correcção das injustiças" continua a fazer-se em bom ritmo. O Beira-Mar foi a última vítima dessa "correcção", no jogo de ontem com o FC Porto, já que sofreu um golo marcado em fora-de-jogo, um outro em que o adversário aproveitou um fora-de-jogo para concluir a jogada e um terceiro marcado num penalty inexistente. Como o FC Porto estava a passar um mau bocado, nada mais fácil do que o árbitro e os seus fiscais darem a uma mãozinha à correcção dessa injustiça.
Não sei que pensarão disto os amigalhaços do senhor Pinto de Sousa, a começar por um certo Pinto da Costa e pelos Loureiros, o Valentim, o João e o senhor Hermínio "Corpo Presente" Loureiro, para já não falar nesse pêndulo do equilíbrio e do rigor, quando se trata de apreciar o fenómeno desportivo, que é Miguel Sousa Tavares, mas estou em crer que se tudo isto é apenas um problema de "maneira de ser" e de "correcção de injustiças" a drª Maria José Morgado e os tribunais que um dia julgarem o "apito dourado" vão ter que arranjar um reformatório para educar toda esta gente.
E, já agora, também poderão lá meter as claques do futebol português, a começar pela do FC Porto, a única que consegue insultar em todos os jogos a que está presente os adeptos de uma outra equipa que nem sequer intervém no jogo. Maneiras de ser, dirão eles. Outros dirão que se trata de uma canalha. Eu não discordo.
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