quarta-feira, dezembro 13, 2006

TEXTOS DA MINHA VIDA (4)



















(Extracto de uma tradução do Rui Knopfli)
(…)
V

Se a palavra perdida perdida é, se a palavra proferida proferida é
Se a ensurdecida, emudecida palavra
Está emudecida, ensurdecida;
Inerte é a palavra emudecida, o Verbo ensurdecido,
O Verbo sem palavra, o Verbo dentro
Do mundo e para o mundo;
E fez-se luz nas trevas e
Contra o Verbo o mundo perturbado ainda rodopiava
Em torno do Verbo silencioso

Ó meu povo, que fiz eu de ti.

Onde se achará a palavra, onde ressoará
A palavra? Não aqui, aqui não há silêncio bastante
Nem no mar ou nas ilhas, nem
Na terra firme, no deserto ou nas regiões pluviosas,
Para aqueles que caminham nas trevas
Tanto durante o dia como durante a noite
A hora certa e o lugar certo não são aqui
Não há lugar de conforto para os que evitam o rosto
Não há hora de júbilo para os que caminham por entre o ruído
E renunciam à voz. (...)


(…)
V

If the lost word is lost, if the spent word is spent
If the unheard, unspoken
Word is unspoken, unheard;
Still is the unspoken word, the Word unheard,
The Word without a word, the Word within
The world and for the world;
And the light shone in darkness and
Against the Word the unstilled world still whirled
About the centre of the silent Word.

O my people, what have I done unto thee.

Where shall the word be found, where will the word
Resound? Not here, there is not enough silence
Not on the sea or on the islands, not
On the mainland, in the desert or in the rain land,
For those who walk in darkness
Both in the day time and in the night time
The right time and the right place are not here
No place of grace for those who avoid the face
No time to rejoice for those who walk among noise
And deny the voice. (…)

(T.S. Elliot, in Ash-Wednesday, 1930)

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