domingo, novembro 19, 2006

PRÓXIMO ACTO: A DEFENESTRAÇÃO DE MARQUES MENDES



Estava eu ainda a acabar o post anterior, quando ouvi o líder da concelhia de Gaia do PSD, o crónico e putativo candidato à liderança do PSD, Luís Filipe Menezes, a desancar no seu próprio líder. Em directo na RTPN.

Aplaudindo o papel do Presidente da República e a sua recente entrevista, Menezes veio com o seu habitual discurso populista lembrar que ainda ontem teve 1500 militantes a jantar com ele (presume-se que quereria dizer que Marques Mendes já janta sozinho), que o líder do partido não faz oposição em Portugal e vai fazê-la para fora de portas, que foi fazer política – ou turismo, depende das perspectivas – para a Baía, Pernambuco e a Guanabara, sabendo que os eleitores dessas regiões ainda não votam nas legislativas portuguesas. Acrescentou que Marques Mendes devia ter apresentado uma moção de censura no parlamento logo a seguir à aprovação do orçamento, porque não fez oposição a este e o comunicado do Banco de Portugal aconselhava uma interpelação ao Governo sobre matéria económica e que o seu discurso não é regionalista mas descentralizador, para rematar com a afirmação assassina de que tinha orgulho dos governos do PSD a que não pertenceu. Ao contrário do Dr. Marques Mendes, para ele mais um estrangeirado, que neles tinha estado a exercer funções. Mais eloquente não era possível.

Bastaram três dias com o líder fora e o PSD ficou imediatamente de pantanas. O espectáculo que o PSD de Marques Mendes dá neste momento faz lembrar aquelas famílias numerosas dos filmes italianos da década de 50, que apareciam nos filmes neo-realistas, viviam em bairros problemáticos dos arredores de Nápoles ou de Roma, com numerosos filhos, que tinham a mãe a berrar na cozinha enquanto fazia a pasta e se benzia, o pai a bater na filha casadoira e bonitona porque andava a fazer olhos para o carteiro, enquanto os mais novos se guerreavam e saltavam por cima das mesas e dos sofás, ao mesmo tempo que a vizinha do andar de cima batia à porta para avisar do roubo da Vespa que estava à porta do prédio. Pior do que este cenário, só mesmo a imagem do líder que em cada declaração que faz se desqualifica a si próprio.

Nem a santa trindade do Benfica, agora amputada do senhor Veiga, que convenientemente apresentou a demissão antes da miserável derrota de Braga e da enésima vez em que Fernando Santos veio à televisão dizer que a equipa cometeu erros e que “vamos ter de conversar no balneário”, seria capaz de fazer pior.

A avaliar pelos sinais deste fim-de-semana, o próximo passo que será dado pelos militantes do PSD deverá ser a defenestração de Marques Mendes. Tal como com Fernando Santos no Benfica, está visto que só boa vontade e amor à camisola não chegam. Convém, para além de saber jogar á sueca, ter também um pouco de jeito e saber o que se anda a fazer.

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