sexta-feira, novembro 17, 2006

FESTA (RECORDANDO O RUI KNOPFLI)











Quando romper a manhã…

Não,
nada de estandartes desfraldados,
bandeiras a baloiçar-se ao vento.
Nem gritos, nem manifestações,
nem meetings no bulício da praça.
Tão-pouco a embriaguez desvairada,
a louca conquista da rua.

Quando romper a manhã,
saibamos erguer a fronte
ao sol puro.
Em silêncio olhar de frente,
na curva do horizonte,
o novo sol nascente.
Saibamos recolher-nos
E, por um largo momento,
pesar,
respirar,
captar as múltiplas vivências
da tranquila alegria que irá brotar ininterrupta,

quando romper a manhã.

(Rui Knopfly, in O País dos Outros, 1959)

Quand pointera le jour…

Non,
pas d’étendards déployés,
de bannières se balançant au vent.
Ni de cris, ni de manifestations,
ni de meetings dans l’effervescence de la place.
Pas non plus l’ébriété éperdue,
la folle conquête de la rue.

Quand pointera le jour,
sachons lever le front
vers le soleil pur.
En silence regarder de face,
sur la courbe de l’horizon,
le nouveau soleil levant.
Sachons nous recueillir
et, pendant un long moment,
peser,
respirer,
capter les multiples facettes
de la tranquille joie
qui va germer sans interruption,

quand pointera le jour.

(traduction de Marie-Claire Vromans)

Boas leituras. Bom fim de semana.

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