O Diogo, que além de excelente colega é um tipo que sabe pensar e ouvir, escreve hoje no DN ("Em auxílio dos juízes") que "está por entender melhor como o poder judicial reagiu à revolução democrática e como se comportou desde então" e sugere ao senhor conselheiro Noronha do Nascimento, certamente com a elegância a que já nos habituou, que ajude o poder judicial a transportar-se para o tempo presente.
Eu partilho inteiramente dessa ideia e, sem querer aconselhar ninguém, muito menos o Diogo, que por sem quem é e como é não precisa dos conselhos de um modestíssimo advogado de província, não posso deixar de sugerir, não tanto a ele, que provavelmente já o conhece, mas mais aos leitores, o pequeno livro do nosso ex-colega, hoje ilustre procurador e lagarto como ele, Luís Eloy, que tem por título "Magistratura Portuguesa - Retrato de uma mentalidade colectiva" (Edições Cosmos, Lisboa, 2001).
A sua leitura poderá ajudar a compreender, aos menos familiarizados com estas coisas da Justiça, a razão por que já então o Luís escrevia, referindo-se aos senhores juízes, que "isolados na torre de marfim da sua importância social, numa vertente de auto-exclusão, perde-se mais facilmente a noção de que julgar é uma actividade exercida numa relação entre homens, no centro dos embates do mundo".
Lamentavelmente, é isto que muitas vezes escapa a quem tem de julgar. Mas enquanto houver por aí Diogos e Luíses que o lembrem, sempre me sinto um pouco mais confortado de cada vez que passo horas sentado num banco de tribunal à espera que chegue a minha vez.
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