segunda-feira, outubro 16, 2006

ALMEIDA SANTOS E AS QUASE MEMÓRIAS


A CASA DAS LETRAS continua a publicar bons livros. Recentemente editou "Maquiavel em Democracia" de Edouard Balladur e as "Quase Memórias - Do Colonialismo e da Descolonização" de António Almeida Santos.
Este último constitui um notável documento, pese embora o seu aparecimento tardio e num momento em que muitos dos actores referidos já nos deixaram, sobre uma série de factos e de circunstâncias que rodearam os últimos anos do regime deposto em 25 de Abril de 1974 e os conturbados anos que precederam a aprovação da Constituição de 76, quer em Portugal quer nas ex-colónias.
Seria deveras interessante saber o que pensam, do que escreveu Almeida Santos, aqueles que ainda estão vivos, designadamente todos os que foram seus colegas de Governo, ou os que em Moçambique e Angola acompanharam muitos dos acontecimentos relatados. Spínola já não poderá defender-se, mas outros haverá que, sendo visados, ainda o poderão fazer e defender a sua honra.
Sem isso será impossível fazer com seriedade o tão necessário debate. E a verdade que, como ele enfaticamente diz, lhe pertence, continuará a ser dele em vez de a todos pertencer. Era natural que Almeida Santos, mais cedo ou mais tarde, se quisesse defender de alguns dos excessos que lhe foram imputados, ao longo dos anos, por tudo o que de mau ocorreu durante o processo de descolonização, em especial por muitos dos ex-residentes ultramarinos. Todos esperavam que ele já o tivesse feito há mais tempo. Mas mais vale tarde do que nunca.
Importante é que o debate se faça com factos, já que de factos se trata e é com factos que a História se faz. E não com o chorrilho de insultos e a destemperança por parte de quem nada sabendo tudo sabe de cada vez que se fala em descolonização.

P.S. Para quando um "Prós e Contras" sobre a descolonização? Talvez seja altura de começar a pensar nisso.

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