Os casos sucedem-se. Seja por causa do preço da electricidade ou da água, do acesso à Internet, do valor das tarifas telefónicas, do serviço de correios, do gangsterismo fiscal que antecipa prazos de pagamento do IRS e procede a reavalições de secretaria dos imóveis que implicam aumentos de IMI de 400%, do preço dos combustíveis ou da nova saga do Pingo Doce e dos cartões Multibanco, a única certeza é que somos cada vez mais um povo de enganados. De infelizes trastes que rezam. Com excepção de uns tipos que se plantam à porta das casas de férias das nossas luminárias, ninguém se manifesta, ninguém se antecipa, todos esperam pacientemente o fim da crise ou os fardos de palha que lhes darão lá mais para o Inverno. Talvez, quem sabe, a chegada de D. Sebastião. Do genuíno. Este caso mais recente com o Multibanco revela, aliás, a fibra de que somos feitos. Todos pagam para ter o cartão, os estabelecimentos pagam para ter o serviço, quem emite fixa o valor das taxas e limita-se a cobrar uma comissão aos palermas. No dia em que alguém de boa fé queira fazer alguma coisa por este país não conseguirá fazê-lo com esta gente. Vão ter de mudar o povo primeiro. E com ele os banqueiros, os empresários e a elite política. Os únicos que se lixam somos nós. Um país habitado por cornos mansos e governado por chicos-espertos não pode ser uma república. É um estábulo.
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