A reportagem que a SIC passou ao início da tarde, dando conta das condições de vida de um conjunto de 60 pessoas que trabalha nas obras de um novo "Data Center" da PT - Portugal Telecom, na Covilhã, parece saída de um filme de terror. Não sei o que pode levar os empregadores ou as autoridades que as contrataram a permitirem que seres humanos, porque é disso que se trata, vivam nas condições que a SIC em boa hora nos deu a conhecer. De acordo com o que foi referido, as autoridades inspectivas já tinham conhecimento, mas se tinham conhecimento porque não se tratou logo de fechar aquela espelunca e notificar os empregadores e a PT, que alegou desconhecimento sobre a situação, para aquilo que se estava a passar? Aquilo que ali se viu e, em especial, se ouviu, vindo de gente humilde que leva a vida a trabalhar, que fugiu da miséria para encontrar neste país um porto de abrigo menos mau que a ajudasse a ultrapassar as agruras de uma vida que é tudo menos justa, aconselha a que ninguém fique indiferente. E que sejam pedidas responsabilidades à dona da obra, em primeiro lugar, mas também aos seus empreiteiros e subempreiteiros. A PT e os seus accionistas não podem enterrar a cabeça na areia. Responsabilidade social é impedir que situações destas aconteçam e se há alguém na PT que tenha culpa na situação relatada, o mínimo que se pode esperar é que seja alvo de um processo disciplinar. Em último caso, os seus accionistas, sendo gente de bem, terão de pedir responsabilidades a Zeinal Bava. Porque a velocidade do Sapo e do Meo, os lucros que a empresa gera e distribui, os salários que paga aos seus administradores e quadros superiores e o mecenato que proclama não podem (não deviam) conviver com este escândalo que abala os fundamentos da nossa sociedade e questiona a nossa consciência civilizacional.
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