O debate de ontem no parlamento sobre o Estado da Nação não fugiu ao que se esperava. De um lado um Governo fraquíssimo, sem ideias ou um rasgo que nos retire do atoleiro, com toda a sua tralha de serventuários, dependentes e cabos de esquadra. Do outro uma Oposição que permanece agarrada a discursos velhos e estereotipados e aos seus fantasmas. O que não se esperava, de todo, era que um primeiro-ministro com ar de seminarista recuperasse para o debate os velhos métodos que antecederam a queda do governo de José Sócrates. "Nós não estamos a pôr porcaria na ventoinha para assustar os portugueses", disse Passos Coelho alto e bom som. Pois não, com uma frase destas, dita com tamanha convicção e dicção de barítono, o primeiro-ministro devia certamente estar a referir-se aos seus tempos de militância na JSD ao lado do inefável ministro dos Assuntos Parlamentares. E demonstra que o nível do debate se manteve dentro dos parâmetros habituais. Desta vez "a porcaria", como com toda a elegância disse, não precisou de ser atirada para a ventoinha para ser espalhada. Bastou-lhe abrir a boca. As televisões e as rádios trataram de trazê-la directamente até nossas casas. Um nojo.
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