A entrevista que Manuel António Pina deu ao jornal i é um documento de uma assombrosa lucidez e actualidade. Um verdadeiro testamento poético, jornalístico e cívico. Em particular, por um sentido da humildade, da tolerância e da decência só ao alcance de espíritos absolutamente excepcionais. Para ler, reler, guardar e ir muitas vezes buscar à gaveta de cada vez que eu estiver a pensar dizer ou escrever qualquer coisa que venha com o nome à frente. Não será por falta de coragem, acreditem, mas para desfulanizar a coisa. Um dia seremos todos pó e, de facto, não vale a pena que sejamos nós a colocar os que vemos como "canalhas" nas páginas da história. Ainda que depois acabemos a embrulhar o peixe com as folhas onde ficou impresso o seu nome. Basta sinalizar os factos. Cada um que julgue por si. Os peixes também não precisam de saber quem são eles. Ficarem sujos com a tinta do jornal onde se escreveu o nome daqueles de cada vez que são embrulhados já é um castigo bastante.
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