A assinatura do acordo que selou a entrada da Three Gorges no capital da EDP teve lugar esta manhã. Já aqui tinha anteriormente defendido a escolha do Governo português; por isso mesmo fiquei satisfeito por ver a operação chegar a bom porto antes do final de 2011.
Do que não gostei mesmo for de ver o inglês erigido em língua oficial do Estado português. Que em reuniões internacionais se fale em inglês ou noutra língua que faça a ponte com o outro lado, tudo bem. Que o presidente da EDP se dirija em inglês aos visitantes e seus futuros patrões que não falam português, também compreendo. O que já eu não entendo de todo é que um ministro das Finanças, que é institucionalmente o número dois do Governo da República, entenda também discursar em inglês numa cerimónia privada a que entendeu emprestar o brilho da sua presença e em que também estão outros ministros do mesmo Governo e secretários de Estado.
Ao contrário do que se disse, não se tratou de um acto de cortesia para com o presidente da empresa chinesa, mas de um acto de aviltante servilismo por parte do Estado português. Não me recordo de alguma vez, em Macau, ter ouvido ministros de Portugal ou os Governadores, em cerimónias oficiais ou privadas a que entendessem associar-se, a discursarem em inglês.
Habituados a vergarem a cerviz perante quaisquer empresários, banqueiros e o capital financeiro, os tecnocratas do Governo não distinguem o Estado de uma simples empresa, mesmo muito rica. E deram assim, tristemente, mais uma prova da sua inexperiência política, falta de sentido de Estado e, ainda mais, incontornável provincianismo.
Quem ficou mal na fotografia não foi Vítor Gaspar. Nem foi "o Álvaro". Foi o Estado português. Fomos nós.
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