quinta-feira, novembro 10, 2011

TRÊS MOMENTOS QUE FALAM POR SI

1º momento: Uma secretária de Estado dependente do ministro Miguel Relvas quis justificar a trapalhada do atraso na discussão do Orçamento de Estado dizendo peremptoriamente que o Governo entregara a proposta das Grandes Opções do Plano ao Conselho Económico e Social em 8 de Outubro. Um ex-ministro do PSD, a presidir a tal Conselho, desmentiu-a de imediato. Na sequência desse atraso, a Comissão de Orçamento e Finanças suspendeu uma reunião anteriormente agendada porque o documento que era suposto ser apreciado só lhe chegou na manhã do dia 26 de Outubro. Por essa razão a discussão do Orçamento de Estado só hoje começou. Quando confrontado com o facto o ministro Miguel Relvas desvalorizou-o, esquecendo que houve unanimidade por parte de todos os partidos quanto à necessidade de adiamento por ter sido desrespeitado pelo Governo um requisito constitucional.

2º momento: Há quatro dias, o ministro Miguel Relvas, aproveitando um almoço de homenagem ao presidente da Câmara de Cascais, elogiou a atitude do PS relativamente ao Orçamento de Estado, sublinhando-a como positiva e construtiva e mostrou-se disponível para analisar as propostas que fossem apresentadas, sendo que a mais importante das que se anunciava era a relativa à devolução de um dos subsídios aos funcionários públicos e reformados. Antes  mesmo de se iniciar a discussão do Orçamento na Assembleia o ministro veio dizer que não havia margem de negociação nessa matéria e que não havia nenhuma "almofada".

3º momento: Sem que terminassem os trabalhos e fosse apresentado qualquer relatório, três membros de um dos grupos de trabalho que o ministro Relvas nomeou apresentaram a sua demissão. Esse grupo destinava-se a estudar o serviço público de televisão e os trinta por cento que "desertaram" foram João Amaral, Francisco Sarsfield Cabral e Felisbela Lopes. O primeiro alegou razões pessoais, a terceira justificou a demissão com a proposta de redução do serviço de informação do canal público. O segundo, ex-director de informação da Rádio Renascença, personalidade sobejamente reputada, respeitada e de reconhecida seriedade, foi ainda mais directo e disse que se demitia devido à “falta de sentido que foi apresentar o plano de reestruturação da RTP quando ainda o grupo de trabalho não tinha terminado as suas propostas”.

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