Não deixou de ser curioso ouvir, na última emissão do programa da TVI24 de Judite de Sousa e Medina Carreira, o presidente da Associação de Bancos, o prof. António Sousa, falar de nacionalizações e queixar-se de que os banqueiros não gostaram de ver um projecto de diploma destinado a regular a sua recapitalização com partes em branco. Quem diria que os bancos, depois de terem andado durante décadas a engordar e a imporem cláusulas leoninas a particulares e empresas, não raras vezes obrigando-os a darem avales e a assinarem letras em branco, que os bancos depois livremente preenchiam contra a vontade dos mutuários, quando entendessem conveniente e com os montantes que eles próprios decidiam, cláusulas e documentos que só muito recentemente começaram a ser declarados ilegais pelos tribunais e ainda assim com a oposição desses mesmo bancos, se venham agora queixar do mesmo, isto é, de não saberem qual será a factura final a pagar ao Estado que vai entrar com a massa. Independentemente da razão que lhes possa assistir quanto a esse ponto específico, e assiste, não há nada como os bancos provarem do seu próprio veneno para descerem à terra. Talvez assim seja possível recuperar algum do equilíbrio perdido nas últimas décadas nas relações entre a banca e os seus clientes menos abonados que foram obrigados a recorrer aos seus serviços para fazerem face às contigências da vida.
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