sexta-feira, setembro 17, 2010

Ò PEDRO, POSSO ACENDER UM CHARUTO NAS SUAS ORELHAS?

Após ser entrevistado por Judite de Sousa, onde aproveitou para responder à pergunta sobre se não queria eleições antecipadas com um enigmático “não é isso que quero dizer”, cimentando dessa forma a ideia de que o nove de Setembro foi o seu harakiri político, Pedro Passos Coelho deve ter depois pensado que a Quadratura do Círculo, na SIC-N, era uma extensão do eixo do mal. De António Costa e Lobo Xavier já todos sabem o que esperar, mas não era previsível que Pacheco Pereira, a três anos de distância das legislativas calendarizadas, fosse tão demolidor para com a direcção do seu partido, em matéria de revisão constitucional.
Em meia dúzia de palavras, no mesmo dia em que Miguel Macedo fazia a entrega da versão final do projecto do PSD a Jaime Gama, Pacheco Pereira desancava – não há outro termo que se adeqúe – no documento. Refutando-o em razão das circunstâncias, do método e do conteúdo, criticando as mudanças no que concerne ao conceito de justa causa e às alterações sugeridas na Saúde, Pacheco Pereira só não chamou incompetente à direcção do PSD e ao directório de sábios que preparou o projecto talvez porque só o tenha recebido sete minutos depois de ter começado a reunião do grupo parlamentar do PSD destinada a apreciá-lo. Nem a eventual criação de uma região-piloto no Algarve, reduzindo de forma simplista a regionalização a um problema de carros, escapou ao seu juízo.
Enfim, tudo foi tão mau para Pacheco Pereira nas propostas de alteração que o projecto contém, a começar pelo reconehcimento de que o papel dos deputados é apenas para fazerem figura de corpor presente, que uma simples frase resumiu o trabalho dos génios que a prepararam: “ou foram mal pensadas há dois meses ou foram mal pensadas agora”.