Quem veja e ouça as reportagens que as televisões - todos os canais sem excepção - têm realizado a anteceder a apresentação de Cristiano Ronaldo no Estádio Santiago Bernabéu não poderá deixar de ficar com a sensação de que elas se dirigem a mentecaptos. O nível das respostas tem acompanhado o nível das perguntas e estas dizem tudo sobre algum do mau jornalismo televisivo que se faz em Portugal. Perguntar a jovens adolescentes que passam horas a fio sentadas à porta de um estádio de futebol, num portunhol rasca, se querem casar com o seu ídolo, se o rapaz é bonito, qual o número que terá na camisola ou o que esperam dele, é pura inanidade. Quando esse exercício imbecil se prolonga durante dezenas de minutos, abre os noticiários e justifica a mobilização de múltiplos meios, como se a apresentação (nem sequer é um jogo) de um jogador de futebol o justificasse, talvez seja de começar a pensar que alguém enlouqueceu. Como da parte dos partidos políticos ninguém se manifestou até agora, presumo que estão todos de acordo com o espectáculo. Não sei se esta constatação não será bem mais gravosa para a saúde mental deste país do que o par de cornos, salvo seja, que Manuel Pinho ofereceu a Bernardino Soares na Assembleia da República e que tanta histeria provocou.