Têm sido vários os conselheiros de Estado que têm apelado à suspensão de funções de Dias Loureiro. O último foi um homem sério e lúcido e chama-se Lobo Antunes. Fala ele num "dever patriótico" para a cessação de funções do homem no centro do alvo. Espantar-me-ia que depois de se saber o que se sabe de Dias Loureiro este ainda tivesse algum sentir patriótico. As artes cénicas estarão mais de acordo com a sua natureza e se o fizer neste momento isso será sempre visto como mais um gesto encenado e carregado de dramatismo do que uma decisão em defesa do órgão e de quem o nomeou. Aliás, a confirmar-se esta notícia do Correio do Manhã, se o Presidente da República não tomar rapidamente uma posição que o distancie do atoleiro onde está o seu conselheiro, o país não se vai esquecer disso quando for a hora da reeleição. Seria deveras aborrecido que por um capricho se fosse queimando em lume brando o prestígio da Presidência da República e do Conselho de Estado. A defesa do interesse nacional e das instituições democráticas não pode continuar a ser permeável ao amiguismo, ao tráfico de influências e ao poder clientelar. Os portugueses não lhe perdoariam.