segunda-feira, março 02, 2009

NO PSD/ALGARVE HÁ CUBOS DE QUATRO FACES!

O interessante semanário regional que é agora distribuído com o Expresso no Algarve, insere um artigo ("Os quatro lotes de Kubrick") do presidente do PSD-Algarve, em que este, no estilo caceteiro e demagógico a que nos habituou, e que o guindou à liderança desse partido, lança mais um dos seus descabelados ataques contra o centralismo, pensando que com isso está a defender a regionalização. O problema é que, a ser verdade o que ali se escreve sobre a inexistência de uma única empresa construtora no Algarve com alvará suficiente para poder concorrer às obras de recuperação e modernização do parque escolar, isso não é culpa do poder central, mas da falta de iniciativa dos empresários da região que tendo poder económico preferem o lucro fácil e sem responsabilidades ao investimento sustentado e a longo prazo. Aliás, se há empreiteiros de Braga e de outros locais do norte do país a fazerem obras em Almancil e a construirem marinas no Algarve, e se a inversa não acontece, não é porque aqueles sejam a imagem de marca do centralismo ou à sua sombra se alberguem "nomes sonantes da política nacional, a ganhar fortunas colossais para exercer magistrado [ou quereria dizer magistratura?] de influência". Como de costume, o mesmo político que em tempos comparou a acção da ASAE à da PIDE, não é capaz de dar um único exemplo. Atacar os "PIN" e o centralismo de Lisboa é fácil e dá votos, em especial quando se sabe que há quem prefira investir em carnavais, hóteis e empreendimentos já em funcionamento, para já não falar em lojas de trapos, por sinal nas mesmas grandes superficies comerciais que se ataca e que se diz esmagarem o pequeno comércio, do que em constituir uma empresa com capacidade para realizar as obras que estão em causa em todo o Algarve. É fácil atacar quando não se sabe construir. Por isso é também natural que quando se escreve para meia dúzia de acólitos acéfalos esse tipo de "prosa" seja suficiente para garantir mais umas palmadas nas costas, uns almoços e jantares, e assegurar mais alguns votos. Mas partir do princípio de que todos os leitores d' O Algarve se medem pela mesma bitola é que me parece excessivo. Para o líder do PSD Algarve é que não. Talvez por isso ele remate o seu belo artigo com a descoberta de que o cubo de Kubrick tem 4 faces. Com efeito, escreve o político/artista/poeta que "como um cubo de Kubrick, cada movimento, uma mesma conjugação diferente, o mesmo resultado. (...) São quatro lotes, quatro, como as faces do cubo de Kubrick. Todas com as cores do centralismo. Percebem agora, porque esta gente foge da regionalização como do diabo a sete pés?". O problema é que as pessoas não fogem da regionalização, mas sim de uma "regionalização" imposta às três pancadas apenas para garantir mais uma dúzia de tachos aos amigalhaços, feita por políticos demagogos e mal preparados como o presidente do PSD-Algarve. Os portugueses já se tinham apercebido de que o senhor deputado não sabia os tempos verbais quando em plena Assembleia da República trocou um "interveio" por um "interviu" e não percebeu a cínica gargalhada dos seus pares. História também já se vira que não sabia, pois de outro modo não teria tomado a ASAE pela PIDE. Agora, numa descoberta que lhe poderá seguramente valer o Nobel, o homem proclama em letra de forma que um cubo tem quatro faces. Quatro, diz ele com toda a petulância, como o cubo de Kubrick! Anda um tipo a vida toda a aprender que um cubo é um sólido geométrico com oito vértices, doze arestas e seis faces, para logo depois vir o presidente do PSD-Algarve dizer que tem quatro faces. Essa ainda Kubrick não descobrira. Mas quando a demagogia é mais que muita e se toma os portugueses, os algarvios e os leitores do jornal por taberneiros e mentecaptos, que se babam quando ouvem falar de regionalização, é natural que também não seja preciso saber geometria. Nem geometria nem coisa nenhuma.


P.S. Em tempo oportuno, o meu amigo Fernando M. recordou-me que se o articulista se queria referir a um famoso cubo de faces coloridas, esse era o de Rubik, e não do tal Kubrick que, seguramente, não terá nada a ver com um conhecido realizador de cinema.