As recentes tomadas de posição do autor do Ensaio sobre a Cegueira sobre o terrorismo das FARC, indiciam que José Saramago começa, finalmente, a abrir os olhos da cegueira em que ideologicamente cresceu, com a qual se habituou a ver o mundo e a catalogar modos de pensar. É claro que não há diferença nenhuma entre os raptos da CIA, a tortura em Guantánamo ou no Iraque, ou o sequestro, o assassinato e a humilhação na selva colombinana levada a efeito pelos energúmenos das FARC a coberto de uma pretensa guerra de libertação. Pena é que tenha sido necessário o "apelo" de Sigifredo López ao ego do escritor para que este tenha começado a perceber que o Sol quando nasce é para todos. Será que a seguir Saramago vai admitir que Hugo Chávez, um dos principais apoiantes das FARC, não passa de um autocrata medíocre e um ditador de pacotilha? Não sei se Vítor Dias e Bernardino Soares comungarão deste tardio acto de contrição. Acredito, porém, que para o arrependimento nunca será tarde, mas alguns daqueles que sempre o idolatraram deverão pensar neste momento que o Muro de Berlim continua a cair. Ainda bem que assim é. Aos poucos vão-se aproximando da verdade e essa será sempre uma vitória da democracia e da liberdade de pensamento contra o obscurantismo das novas revoluções bolivarianas.