Esta notícia aparentemente não traz nada de novo. Em tempos já o PSD candidatara um tal de Moita Flores em Santarém, conhecidos experts em matéria futebolística noutras câmaras, cantores e outros do mesmo calibre por esse país fora. À porta de novo ciclo autárquico aparecem de novo nomes como os dos jornalistas Hernâni Carvalho, o das reportagens sobre casos de polícia, e Cecília Carmo, esta uma ex-ginasta. O actor João Carvalho é outro que figura no rol dos presumíveis candidatos. Não é que haja alguma coisa contra tão respeitável gente, mas gostaria de saber que qualificações têm que os recomende para presidentes de câmara. O único critério que parece ser comum a todos eles é o mediatismo, de tal forma que já se voltou a admitir, ao contrário do que aconteceu com Marques Mendes, que arguidos integrassem as listas. Compreende-se. Nos tempos que correm mais mediáticos do que arguidos só jogadores de futebol, mas estes, os bons, estão fora, escasseiam, e os que estão por cá não precisam de ir para uma câmara para melhorarem a vidinha, a não ser que tenham salários em atraso. O perdão para Isaltino e Valentim tardou mas chegou. Quanto à maior parte dos nomes indicados até agora não se lhes conhece qualquer obra, passado político ou intervenção para lá dos estreitos limites das respectivas profissões ou das páginas do 24Horas e do Correio da Manhã. Mas todos se acham capazes e competentes para desempenharem funções executivas no mais importante órgão autárquico. Alguns ainda têm o bom senso de dizer que estão a ponderar, mas para a maioria deve ser a oportunidade de toda uma vida, uma espécie de euromilhões. Esta é a renovação que temos, o que me leva a perguntar se vale mesmo a pena ter uma lei de limitação de mandatos para depois se ter candidatos destes. Importará agora saber se nomes como os de Júlia Pinheiro, Elsa Raposo, Manuel Luís Goucha, Paula Bobone ou Mariza Cruz também vão fazer parte das listas do PSD ou de qualquer um dos outros partidos. Vamos aguardar, talvez seja ainda um pouco cedo para concluir. A realidade é que quando um partido como o PSD, que pretende ser alternativa de poder, precisa de andar a trocar candidatos de umas câmaras para outras e de ir buscar nomes destes para os colocar à frente das listas, imagine-se então os nomes que virão a seguir e que aceitam vir depois daqueles. De quatro em quatro anos a situação repete-se e com tendência para o agravamento. As bancadas parlamentares, e não apenas do PSD, já não enganavam. As eleições autárquicas pioram o panorama. É o resultado de não se cultivar a formação de elites, o melhor prémio para o cinzentismo e o carreirismo. Os partidos não têm quadros e têm de ir buscar gente sem qualquer categoria ou experiência para formar as listas. Não estamos a falar de lugares intermédios ou de suplentes sem qualquer hipótese de serem eleitos, mas de cabeças de lista. Um desastre do qual só daqui a uns anos teremos a noção exacta da respectiva dimensão. Até lá, a nossa democracia continuará a levar tratos de polé e a não passar do nível da mediocridade. Um perfeito horror.