(1927-2008)
"Nesse campo não escondi achar que as nossas dores são demasiado tímidas. As dores, os medos, as espontaneidades, os amores, os ódios são demasido tímidos. Trocamos a ousadia pelo entretenimento. Pensamos pouco, mergulhamos em tarefas neuróticas e só queremos como compensação divertirmo-nos o máximo possível. Divertimo-nos em vez de vivermos. Dilapidamos a inteligência e cortejamos a tolice. Mantemo-nos na periferia de nós próprios, recusando o mistério que se desenrola na alma" - Victor Cunha Rego, in Os Dias de Amanhã
Habituei-me a lê-lo e a admirá-lo pela simplicidade da sua escrita, pela alma dos seus textos, pela intervenção cívica sempre ousada e oportuna e, também, pela forma como sabia olhar para as mulheres e ver o feminino. Bebi desse olhar, dessas palavras e dessa alma. Estou-lhe grato por isso. Neste momento, em que todos já disseram tudo e lhe prestaram a devida homenagem, mesmos os hipócritas, deixo-lhe aqui a minha recordação com as palavras sempre certeiras e actuais de um dos que com ele marcaram a minha geração. Estou certo que o homem dos afectos, o mesmo que desdenhava dos banqueiros que contavam piadas de aviário, assinaria por baixo.
"Nesse campo não escondi achar que as nossas dores são demasiado tímidas. As dores, os medos, as espontaneidades, os amores, os ódios são demasido tímidos. Trocamos a ousadia pelo entretenimento. Pensamos pouco, mergulhamos em tarefas neuróticas e só queremos como compensação divertirmo-nos o máximo possível. Divertimo-nos em vez de vivermos. Dilapidamos a inteligência e cortejamos a tolice. Mantemo-nos na periferia de nós próprios, recusando o mistério que se desenrola na alma" - Victor Cunha Rego, in Os Dias de Amanhã