Primeiro foi a discrição e o silêncio geridos com altaneira prudência. Percebia-se, havia que arrumar a casa, ordenar as ideias, desbloquear a crise interna, fazer o partido regressar à normalidade. Aqui e ali iam-se ouvindo pequenas críticas, remoques. Hoje era um trejeito, amanhã uma entrevista. Logo se começaram a ouvir algumas vozes de impaciência. Ao terceiro dia levantou-se e falou. E para dizer o quê? Que as sondagens ainda não são o que deseja, que a comunicação social não passa a mensagem e que o PSD só aparece em 14º lugar no Telejornal e logo num dia de Sporting-Benfica. Esqueceu-se de referir que Paulo Rangel está todos os dias na televisão, que Mário Crespo faz as vezes da oposição e que Alberto João Jardim e os seus companheiros da Madeira têm tido honras de abertura dos noticiários. Mas a parte mais cómica da intervenção foi quando a senhora presidente do PSD esclareceu que tem muitas ideias mas que não as dá a conhecer para que o PS não as copie. Nem mais. Aqui trata-se de fazer caixinha até às eleições, até ao momento em que o Governo de Sócrates passar a ser um governo de gestão. Aos poucos, a nova liderança do PSD vai assentando. E regressando paulatinamente à normalidade, como se deixa perceber pela visita que dia 24 de Novembro a Drª Manuela Ferreria Leite fará ao Algarve, a convite do PSD local. Até Luís Filipe Menezes já percebeu o que se está a passar. Por isso, passado tão pouco tempo, presumo que aquele corajoso militante de Ourém que a confrontou com o comportamento de Alberto João Jardim, não obtendo resposta, tenha ficado como eu. Perplexo e confuso. Às vezes, no meio do folclore e da fofoca, a TVI também presta serviço público.