sexta-feira, outubro 10, 2008

TRINTA ANOS DEPOIS

"C'est très difficile de dire aux gens qu'on les aime"
Jacques Brel, 1971

Fez ontem trinta anos sobre a data da morte de Jacques Brel. O homem que era a imagem da sua própria voz e que por ela ganhou a imortalidade e um lugar no Olimpo. Mais do que uma referência, ainda hoje pouco consensual num país cada vez mais dividido pela multiculturalidade e pelo radicalismo (como ele dizia, "a Bélgica vale mais que uma querela linguística"), que cometeu a proeza nas últimas eleições de ter demorado cerca de 200 dias a conseguir formar um governo, Brel permanece como um símbolo da revolta, da liberdade, da capacidade de sonhar, de lutar e de amar até à exaustão, sempre na procura de um ideal, na realização de uma convicção. Por todo o mundo, a sua poesia, o seu espírito, o seu olhar e as suas canções permancem vivas. O leilão que no dia 8 de Outubro teve lugar em Paris rendeu mais de 1 milhão de euros. O manuscrito de Amsterdam foi transaccionado pela bonita soma de 90.000 euros. As Éditions Jacques Brel, em boa hora, promoveram uma exposição comemorativa da data e um conjunto de DVD, livros e reedições discográficas, conheceu a luz do dia. A RTBF realizou um documentário, também já disponível em DVD (distribuído pela Universal) e os dois filmes realizados por Brel - Franz e Far-West - também foram editados. Eddy Przybylski, mais conhecido como Eddy Barsky, publicou nas edições Archipel "La valse à mille rêves" (766 páginas, € 24,95). As edições Casterman reeditaram o album Brel de Gabrielle Vincent. Serge Vaillant publicou "Jacques brel, l'éternel adolescent" (192 páginas, € 49,00) e a revista trimestral francesa Chorus, Les Cahiers de la Chanson publicou um número especial dedicado a Brel. Isto para já não falar da ultima edição da Paris Match e dos numerosos artigos que ontem foram publicados em jornais belgas, franceses e suiços, para só referir alguns. Ciente de que para manter viva a lição breliana não bastará dá-lo a conhecer às gerações mais novas, sendo preciso levá-lo até onde haja uma pequenina chama, um pouco de tendresse, limito-me a convidar todos aqueles que o possam fazer a irem até Bruxelas sonhar e bruxelar. A exposição está patente na Place de la Vieille Halle aux Blés, 1000 Bruxelas, entre as 10h e as 16h, com excepção das quintas-feiras, quando encerra às 19h.