Depois de uma noite memorável, em que o Benfica eliminou das provas europeias o Nápoles, actual vice-comandante do campeonato italiano, que não perdia há 10 jogos, por uns concludentes 2-0, tive o azar de acordar esta manhã ouvindo Joana Amaral Dias aos microfones da TSF destilar o seu feminismo autoritário com o inconfundível timbre da sua arrogância. Há de factos maneiras mais agradáveis de despertar. Então não é que a moça está zangada com o facto do PS ter imposto disciplina de voto aos seus deputados sobre "a questão" do casamento homossexual? Eu também acho que seria mais avisado dar liberdade de voto aos deputados, mas compreendo perfeitamente, e nisso também estou de acordo com a direcção do partido, que este não tenha que embarcar nas prioridades do folclore bloquista. A sujeita, que é o melhor exemplo de um certo radicalismo diletante e sobranceiro, permite-se criticar um partido estruturante da democracia portuguesa, para acusá-lo de falta de liberdade, pela simples razão dos seus deputados terem acatado, livremente, um pedido da direcção e as regras, lá está, relativas ao funcionamento democrático do partido. Para o Bloco de Esquerda a democracia é a imposição na casa do vizinho das suas próprias regras, se possível ditando-as aos outros partidos. A pulsão totalitária do Bloco é nestas ocasiões que conhece a luz do dia. As minudências não enganam. Ainda bem que é assim.