quinta-feira, outubro 30, 2008

O REGRESSO DA PITONISA

Quem tivesse ouvido esta manhã as declarações do general Loureiro dos Santos certamente que concluiria estar o país à beira de um novo 25 de Abril. Todos sabemos que as primeiras e verdadeiras razões deste, independentemente das boas e generosas intenções de uns quantos, depois associadas a outros factores, foram problemas de carreira e de natureza salarial. Mais de 30 anos volvidos sobre a data da instauração da democracia, o general Loureiro dos Santos, que é uma figura respeitada e respeitável do meio castrense, veio lançar para os microfones da TSF um alerta perfeitamente despropositado. As suas declarações, mais do que chamarem a atenção do poder político para a situação nas Forças Armadas, constituem um tónico para todos aqueles que contam com a desestabilização das instituições e as dificuldades do país para obterem benefícios corporativos. Os problemas do país afectam a todos e os militares não podiam ficar imunes. Os portugueses não querem voltar a ter militares a desfilarem fardados no Rossio, mas a democracia e as instituições também não podem tolerar "avisos" ameaçadores da tropa, mesmo quando veiculados pela voz de um general. O general Loureiro dos Santos, no tom, na forma e no estilo que imprimiu às suas declarações, prestou um mau serviço ao país. Se amanhã houver jovens militares a fazer disparates, já se sabe a quem pedir responsabilidades: a quem não soube enquadrá-los nem comandá-los nos tempos de crise.