A melhor voz e os olhos mais expressivos da televisão portuguesa, os de Ana Ribeiro no Jornal da Noite da RTP2, entrevistaram ontem o responsável máximo pelo Conservatório Nacional, a propósito das notícias que foram divulgadas sobre os alunos que se sentavam no chão por falta de cadeiras. A ministra da Educação disse que iria averiguar o que se passava, uma vez que a escola tem um orçamento de 3 milhões de euros. Bastou-me ouvir a entrevista para ficar com a certeza de que a averiguação é mesmo imprescindível. O director do Conservatório confirmou que o orçamento é sensivelmente de 3 milhões de euros. Depois, esclareceu à entrevistadora que gastava 70% dessa verba a pagar salários e que ficava com 170.000 euros para a gestão da escola. Elencou então uma série de rubricas, como a electricidade, a água, etc. Qualquer pessoa com um mínimo de atenção repararia que se o Conservatório gasta 70% do orçamento em salários, então fica com 900.000 euros para as restantes despesas, e não com 170.000. Esta última verba representa apenas 5,6 % do orçamento. Pelo que, conclui-se, se o sujeito dos 3 milhões tira 70% e só fica com 170.000, isso quer dizer que não sabe onde andam 730.000 euros. O director do Conservtório pode perceber muito de música e ser uma pessoa adorável. Mas só por esta pequena amostra fiquei esclarecido. Ele de gestão não percebe nada. A Ana Ribeiro foi demasiado diplomática. A ministra da Educação tem razão. É preciso saber o que se passa.