terça-feira, setembro 09, 2008

VEM AÍ A POLÍTICA

A entrada de Setembro, com as suas temperaturas mais amenas, trouxe de volta à ribalta a política. No CDS/PP procura-se disfarçar a unipessoalidade do partido através da chamada dos conselheiros nacionais para sufragarem as decisões de Paulo Portas. Embora não se saiba hoje que ideologia tem o partido, para além da óbvia representação do emprego do líder e de meia dúzia de acólitos, sempre dispostos a apoiá-lo mesmo quando são maltratados e desde que isso represente a manutenção de alguma visibilidade e de um lugar nas listas, o CDS/PP aproveitou a rentrée para fazer o seu acto de contrição e rezar para que nas próximas legislativas não se transforme definitivamente de partido do táxi, que já foi, no partido da bicicleta, que é actualmente. À sua esquerda, Manuela Ferreira Leite quebrou finalmente o silêncio. E que disse a senhora? Que há coisas no Governo que precisam de ser corrigidas, que ainda há promessas por cumprir e que espera vir a fazer oposição ao Governo de José Sócrates ainda na presente legislatura. Para quem lidera uma oposição perdida em combate e que aos poucos se reagrupa parece muito pouco. Porém, a assistência que a ouviu e aplaudiu em Castelo de Vide ficou satisfeita. É certo que houve alguma dificuldade em acomodar os convidados todos nas cadeiras existentes, como se viu pela ginástica de António Borges para não se sentar ao colo de João de Deus Pinheiro, mas esse poderá ser mais um sinal do que espera o PSD nas próximas legislativas. A falta de lugares já começou, aliás, a ser notada por Luís Filipe Menezes. Por isso mesmo ele foi ontem à noite para a SIC Notícias choramingar a Mário Crespo a falta de uma tribuna semanal igual à do Prof. Marcelo. Segundo diz Menezes, a quebra de votos monástica que a si próprio impusera e que aos quatro ventos anunciara, ficou a dever-se ao facto de ser presidente da Câmara de Gaia. Ainda bem que ele o esclareceu, porque de agora em diante, sempre que ele aparecer a criticar a líder do seu partido e a promover os seus antigos apoiantes, saberemos que ele o faz como autarca, o que poderá servir para desculpar os seus excessos. Neste país, a alguns autarcas, o povo tudo perdoa. Basta olhar para Valentim Loureiro e Fátima Felgueiras. Passado o Verão, verifica-se que o problema de Menezes não é um efeito da silly season. Isso também já se tinha percebido na apregoada Festa do Pontal, onde Mendes Bota e Ângelo Correia deram largas à imaginação. Padecem todos do mesmo mal. Ter o umbigo ao pé da boca não dá muita saúde e por vezes torna-se bastante inconveniente. Tão inconveniente como só ver o próprio umbigo. Este é o drama de Jerónimo de Sousa e da sua gente. Aos comunistas, em especial aos da nova geração - nova apenas em idade - ter-lhes-ia feito bem, em vez de irem para a Festa do Avante, acompanharem aquela excelente série da RTP2 sobre a História do Comunismo. Por agora, anunciaram o que já se sabia: que a contestação vai voltar a sair à rua. Não tardam teremos aí os delirantes editoriais pré-eleitoriais do Avante. Enquanto isso, o PS anunciou a Res Publica e antes de se livrar de alguns emplastros - é para isso que servem algumas fundações -, aproveita este tempo morno para os mandar para as televisões, protegendo quem tem de ser protegido e que se o não for poderá provocar uma hecatombe eleitoral. Sabe-se que o caminho se faz caminhando, mas é bom que quem vai à frente o faça com ideias claras e objectivos realistas. Esta tem sido a saga do Bloco de Esquerda. Clareza e realismo por aquelas bandas não existem. Ou me engano muito ou a coisa deve estar quase a implodir. Louçã não percebe que aquele estilo rezingão não lhe dá votos e que Ana Drago é muito melhor que Joana Amaral Dias. Problema deles. Seguro é que por agora o BE, tal como o outro senhor, vai continuar a andar por aí, pouco acrescentando ao muito que se poderia esperar dele. Os combates de 2009 aproximam-se depressa. 2008, como bissexto que é, já é um ano de má memória. Pode ser que estes últimos meses nos devolvam a esperança. A saída de Scolari foi um bom prenúncio. Os nossos atletas paraolímpicos já começaram a fazer a sua parte. E Obama poderá continuá-lo, se for eleito lá mais para a frente. A política está a chegar.

Sem comentários:

Enviar um comentário