segunda-feira, setembro 29, 2008

QUE AINDA TERÁ ELE PARA DIZER?

O líder do CDS/PP, tradicionalmente um dos partidos-charneira da nossa pequena democracia, que ultimamente mais parece uma sociedade unipessoal, desdobrou-se em declarações a anunciar que iria pedir audiências ao Presidente da República e ao primeiro-ministro. Aos microfones de diversas rádios esclareceu estar preocupado com a crise económica, com a situação das famílias da classe média e com os mais desfavorecidos, entre outras considerações menores. No fim, acrescentou que tem umas ideias para apresentar. Por estas razões, e para comunicar isto mesmo que referiu, pediu as tais audiências. Inicialmente, como é norma com ele, pensei que estava a gozar com o pagode. Então pede-se uma audiência às duas principais figuras do Estado, porque supostamente haverá algo de importante para lhes comunicar ou debater que não pode ser dito no parlamento, onde o líder do CDS/PP tem assento, ou numa conferência de imprensa, e antes mesmo dessas audências lhe serem concedidas e de lá chegar anuncia-se aos quatro ventos o que lá se vai dizer? Pareceu-me deselegante. Depois, como há uma parte que não foi desvendada, a relativa às suas "ideias" e "propostas", dei comigo a matutar se se tratariam de propostas sobre matérias tão sensíveis que não pudessem também ser anunciadas antecipadamente. Sei lá, qualquer coisa de que ele não tivesse suficiente à-vontade para falar em público, como por exemplo uma proposta de revenda dos submarinos que foram encomendados à nossa custa para os nosso almirantes irem aos percebes. Não sei que poderá haver de tão sensível que ele precise de ir dizê-lo numa audiência. Quem hoje fala como Paulo Portas, depois de ter escondido Luís Nobre Guedes dos militantes do seu partido da forma como fez, já não deve ter mais nada a omitir. Se eu fosse ao Presidente da República ou ao primeiro-ministro dizia-lhe que a agenda está preenchida até ao Natal, que já têm conhecimento das suas preocupações pela comunicação social e que ele sempre poderá fazer as propostas que ainda tem durante a discussão do Orçamento de Estado. Isso tirar-lhe-ia o pio durante uns tempos.