Aqui há dias fui matar saudades do Oriente que conheci. Fui até Alcântara, ao recém inaugurado Museu do Oriente. Fiquei satisfeito com o que vi em termos de recuperação do edifício e criação de espaços. Achei muito interessante a exposição de Máscaras da Ásia. Mas quanto ao museu propriamente dito, este está a anos-luz daquilo que era expectável e possível fazer. Estranho que tendo a Fundação sido criada há mais de vinte anos, a grande maioria das peças expostas seja de aquisição recentíssima. Dir-se-ia que foram adquiridas por atacado. Mas isso ainda seria o menos face à sua qualidade. Notei sim uma tremenda falta de iluminação, a inexistência de qualquer indicação dos circuitos, a falta de informação e de legibilidade - letras minúsculas escritas em placas de fundo negro, em salas sem luz - da maioria das placas identificativas das peças, erros de ortografia nas placas, traduções literais do inglês, um frio de rachar nalgumas alas e a falta de utilização de vidros anti-reflexo, o que dificultava ainda mais a apreciação de alguns quadros e peças. Pior do que isso só mesmo o restaurante. Um verdadeiro desperdício. Uma vista magnífica e uma decoração de bom gosto perdidas na má qualidade da comida. Pensava eu que iria ali encontrar um menu oriental, mas não tive sorte nenhuma. Foi-me dado um cardápio internacional, que é como quem diz uma miscelânea sem qualquer interesse. Só o menu de degustação se aproxima da comida asiática. Todavia, ao almoço só servem buffet e no dia em que lá estive era manifestamente mau. Uma salada de peito de frango à florentina, que quem comeu se queixou da secura da carne, e uns filetes albardados de péssima confecção. Desde quando é que um restaurante que se preze serve filetes com pele e espinhas? O vinho também merece outra atenção quanto à temperatura a que é servido. Salvou-se a simpatia e educação do pessoal. Vou ficar à espera dos ajustamentos para depois poder lá voltar. Lisboa há muito que precisava de um museu dedicado ao Oriente de dimensão internacional.
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