Depois de uma saraivada de críticas, como que a acordar a delegação olímpica portuguesa que foi até Pequim, eis que Vanessa Fernandes conquista a medalha de prata na difícil modalidade do trialto. Aqui está um exemplo de abnegação, de esforço e do verdadeiro espírito olímpico. Se fosse outro, a "nossa" Vanessa sempre poderia agora vir dizer que não ganhou o ouro por "falta de apoios", a ver se lhe duplicavam a bolsa. Bem ao contrário, nas corajosas e sinceras declarações que proferiu, não se esquivou a mandar o recado para alguns que foram fazer turismo: "A alta competição não é brincadeira nenhuma. Não é fazer meia dúzia de provas, andar a receber uma bolsa e está feito. Muitos não vêem bem a realidade das coisas. Não têm a noção do que isto significa. Se calhar por termos facilidades a mais" (vd. a edição on line do Expresso). Por isso mesmo, depois do país ter gasto 15 milhões de euros (sim, leram bem, quinze milhões de euros) com atletas que durante 4 anos receberam uma bolsa e desistiram na véspera, com outros que queriam ficar na "caminha", com alguns a quem as pernas tremem na hora da competição, com os que desistem face à concorrência africana ou que pura e simplesmente não sabem o que lhes aconteceu, é sempre bom ouvir alguém com o estofo e a autoridade que lhe advém do mérito, dizer que a representação nacional em Jogos Olímpicos não é um conjunto de turistas e de mercenários que só obtêm resultados à troco de dinheiro. Como há dias dizia o Rui Santos na SIC-Notícias, não temos de nos comparar com a Espanha, mas é bom que vejamos o que outros países com igual dimensão e população, ou mesmo mais pequenos e com meios mais reduzidos, são capazes de fazer. De que serve levar um delegação com dezenas de elementos se a maioria apenas vai fazer turismo e tirar umas fotografias? Não será certamente o caso de Gustavo Lima ou de Naide Gomes, visto que um azar ou um dia mau todos podemos ter. Mas seria bom que se olhasse para as medalhas conquistadas por países como a Holanda (já vai em 12), a Suiça, a Noruega, o Azerbeijão, a Nova Zelândia, a Eslováquia, a República Checa ou a Dinamarca e se percebesse a razão para eles terem sucesso e nós não. Há coisas que a sorte ou as arbitragens não podem explicar.
P.S. Gostei de ver o Venceslau Fernandes a acompanhar a filha em Pequim. A camisola do Benfica ficava-lhe a matar! É de exemplos destes que precisamos.
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