sexta-feira, junho 13, 2008

DO MEU HETERÓNIMO

Acabadinho de nascer, pouco passava das 15h e 20m, ali no n.º4 do Largo de São Carlos, dei comigo, cento e vinte anos depois, na Rua de Portugal, debaixo da canícula que entra pela clarabóia. Hoje sou um paradoxo, sempre vivo, que já não procura por mim. Enfim,

Tenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

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