Quando no outro dia escutei Luís Filipe Menezes a dizer que o PS não merecia ser governo e que o PSD ainda não estava preparado para tal, fiquei sem saber, de novo, o que pensar de tal fatalismo que se apoderou do maior partido da oposição. Pensei escrever qualquer coisa sobre o tema, mas outros afazeres impediram-me de poder fazê-lo atempadamente. Lucidamente, Vasco Pulido Valente, em boa hora, pegou na deixa. Ainda mal refeito desta brilhante tirada de Menezes, já os ex-secretários-gerais do PSD assinavam um documento que remeteram a Ângelo Correia, opondo-se à tentativa de alteração no Conselho Nacional e sem audição prévia dos militantes do partido de vários documentos reguladores da vida interna do PSD, como o Regulamento Financeiro, o Regulamento de Quotas, o Regulamento de Admissão e Transferência de Militantes e o Regulamento das Estruturas de Emigração. Classificado como uma tentativa de golpe de estado interno, destinado a retomar velhas práticas caciquistas, como o pagamento de dinheiros sem qualquer controlo, assunto que havia sido já muito discutido antes da eleição do actual presidente, o documento veio reavivar velhas lutas do partido e chamar de novo a atenção para a incapacidade e falta de estatura da actual direcção. As bases, como se vê pelo discurso dos actuais dirigentes, só servem para caucionar as políticas dos chefes populistas quando isso a estes convém. Pacheco Pereira também chamou a atenção para o facto no Abrupto. Mas o que se reveste de incontornável evidência é o mal-estar gerado pela remessa do referido documento dos ex-secretários-gerais a Ângelo Correia. Este sentiu-se acossado, reagindo destemperadamente em defesa da actual direcção. Mas o sinal mais notório foi a expressão incomodada e agressiva de Mendes Bota quando diante da comunicação social. Logo começou logo a desfiar o seu rosário de insinuações e ataques pessoais, imediatamente acauteladas e desmentidas por António Capucho. A expressão de Bota dizia tudo. Menezes e a sua clique fizeram o pleno. Tal como eu aqui antes vaticinei, a actual direcção do PSD muito dificilmente chegará a 2009. Depois da entrada em queda livre já nada segurará a actual direcção. Menezes e Ribau, na sua inconstância e crónica falta de visão estratégica, ainda nem sequer o pressentiram, e continuam alegremente a assobiar para o lado e a participar em manifestações ao lado dos sindicalistas comunistas. Mendes Bota, frio, calculista e oportunista, já percebeu o que se está e passar. Sente o chão a fugir-lhe debaixo dos pés. Mais do que isso, Bota tem a certeza de que o fim está próximo. E que isso vai acontecer antes de qualquer discussão sobre as regiões. Daí o seu pavor.
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