O esforçado Fernando Negrão conseguiu atingir os 15%. Salvou-se do descalabro, mas não salvou Marques Mendes nem a pandilha que tomou o partido de assalto depois da saída de Durão Barroso. Agora o líder do PSD pode ter a certeza de uma coisa: não é com gente subserviente, sempre disposta a mudar de campo assim que sopra a primeira brisa e desde que isso lhe garanta uma avença num qualquer lugar obscuro mas remunerado, que se constrói um partido e uma liderança fortes. Um partido que depois da saída de Cavaco Silva se apoiou no compadrio, no clientelismo, nas alianças pontuais a nível nacional e regional para conseguir crescer, nunca poderia aspirar a voos altos. Comprova-se que até mesmo a única vitória eleitoral indiscutível do PSD – a eleição de Cavaco – se vê agora que não foi fruto do trabalho do partido ou de Marques Mendes, mas antes o resultado dos méritos de Cavaco Silva e das más escolhas dos adversários. Mendes, a quem já há muito aqui se tinha anunciado a morte política, voltou a falhar. Mas como seria possível não falhar se quem não tem currículo, não tem um percurso profissional digno de registo ou ponta de credibilidade fora do partido, ainda assim aposta em falar aos eleitores em seriedade, credibilidade, trabalho e outras coisas do género? Encaixar a martelo na lista de Negrão os caciques oportunistas de Lisboa responsáveis pela queda de Carmona e os desmandos na Gebalis não é propriamente uma prova de rigor e seriedade e teve os seus custos. Falar em princípios ou em rigor, quando todos sabem que em vez de controlar o partido Marques Mendes é controlado pelos lobbies do partido, soa a falso. Além do mais, tendo evitado as eleições para a Assembleia Municipal para não perder a maioria naquele órgão, Marques Mendes e a sua amiga Paula Teixeira da Cruz ainda terão de ficar com o odioso da eventual ingovernabilidade da Câmara por falta de entendimento entre a nova maioria saída destas eleiçõe e a Assembleia Municipal. Mendes cometeu a proeza, nunca vista, de perder em todas as 51 freguesias de Lisboa!!! Nem uma vitória para a amostra. Um verdadeiro cataclismo. Bem andou, pois, Fernando Seara ao fazer-lhe um manguito. Há favores que não se pedem a ninguém e ainda menos aos amigos. E quando por qualquer razão, inadvertidamente, se pede um, o que se espera dos amigos é que nos façam vir à razão. Foi o que Seara fez, mas Mendes também não percebeu isso. Por isso imolou o voluntarioso Negrão. A culpa não foi da abstenção. Vamos agora aguardar para ver o que aí vem. Para já sabe-se que vêm as directas. Santana Lopes, o cacique de Gaia, os putativos herdeiros de Barroso, a começar por José Luís Arnaut e Morais Sarmento, e o auto-proclamado líder regional do Algarve ainda não disseram nada. Até lá tenhamos paciência. O circo ainda não acabou e trapezistas não faltam.
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