sexta-feira, junho 22, 2007

SINGAPURA DO ATLÂNTICO


O indescritível presidente do Governo Regional da Madeira referiu há dias que queria transformar a Madeira na Singapura do Atlântico. Eu estou em crer que, uma vez mais, Alberto João Jardim não sabe do que fala, tantas e tão abissais são as diferenças entre as duas ilhas. Desde logo, porque não consta que Singapura receba qualquer subvenção do orçamento de Estado malaio para fazer face aos seus custos de insularidade. Como também nunca se ouviu dizer que na cidade do Leão a lei não fosse escrupulosamente cumprida em todos os lugares e a qualquer hora do dia. Se Jardim se quer comparar a Lee Kuan Yew, então o melhor é começar a deixar de fazer aquelas figuras de copo numa mão e microfone na outra enquanto discursa nas festas do Chão da Lagoa e deixar de exibir a sua volumosa pança nos desfiles carnavalescos do Funchal. Também não consta que altos dirigentes do Governo de Singapura se envolvam em cenas de pancadaria em restaurantes locais ou que os membros do parlamento local façam negócios com o governo do seu próprio partido. Se a Madeira, alguma vez, quiser aspirar a ser a Singapura do Atlântico, então o melhor mesmo é começar por se livrar de Alberto João Jardim, do Ramos e de toda aquela pandilha que por lá prolifera, começando por conferir alguma seriedade e decoro à coisa. É que enquanto isso não acontecer a única comparação que se poderá estabelecer entre a Madeira e Singapura resumir-se-á a saber se o Savoy é melhor que o Raffles ou vice-versa. Eu, por mim, prefiro o Raffles, sempre está num ambiente mais cosmoplita e civilizado, longe da boçalidade e dos espíritos de sacristia.

Sem comentários:

Enviar um comentário