Aqui há uns anos o jovem Sérgio Sousa Pinto conquistou um lugar nas listas do PS e tornou-se deputado. Ficou famoso pelas suas "questões fracturantes", entre as quais enfileirava o aborto, os direitos dos gays e das lésbicas e mais uma infinidade de questões menores. Entretanto, tornou-se eurodeputado e amigo do velho Soares, que viu nele um exemplo da juventude e do futuro. Na altura desconfiei de tanta promoção. Agora, depois de ler a entrevista dele ao DN de hoje fiquei com a certeza de que é mais um desses produtos típicos da partidocracia portuguesa. Vazio, cheio de frases feitas, sem passado ou percurso profissional visível, mas com o rei na barriga e sempre pronto a ditar sentença. Da referida entrevista repesquei a pérola que se segue:
"A minha posição pessoal é contrária, por princípio, ao instituto do referendo. Não lhe reconheço nenhum ganho político e só é sintoma da crise do sistema parlamentar. A verdade é que os parlamentos são indispensáveis ao funcionamento da democracia e os referendos não. É o Parlamento que define a democracia, não é o referendo. O referendo só é um instrumento legítimo e adequado para as questões menores." [negrito do autor do post].
Com que então adequado para questões menores? Presumo que entre estas o sábio eurodeputado inclua o aborto e a regionalização, referendos que, embora menores, segundo ele, foram promovidos pelos seus camaradas de partido e secretários-gerais, António Guterres e José Sócrates, com o apoio das respectivas comissões políticas. Aliás, sendo essas questões menores, ficamos todos à espera que ele nos diga quais as questões maiores que não podem nem devem ser objecto de referendo e quais as questões menores para as quais ele será adequado.
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