quarta-feira, junho 13, 2007

AINDA A OTA E MÁRIO LINO A BORREGAR


O tiro veio de onde menos se esperava. Refiro-me ao estudo encomendado pela CIP e que vem apontar Alcochete como o melhor, diria mesmo único, local para se construir um aeroporto nas proximidades de Lisboa com custos financeiros e ambientais aceitáveis. O ex-ministro do Ambiente poderá não ter um sentido de humor refinado, podendo mesmo pecar pelo mau gosto, como Cavaco Silva tão bem sabe, mas de um ponto de vista técnico quer-me parecer que o homem é competente e tem razão sobre este assunto.

É óbvio que a construção do aeroporto em Alcochete, como alternativa à OTA, pela forma discreta como as coisas foram feitas, deixou muita gente irritada e desacreditou muitas mais. Entre os primeiros estarão o primeiro-ministro e o ministro Mário Lino, os autarcas do Oeste e os homens do lobby de Macau, liderados por Neto de Almeida, a Imobiliária do Fez e os senhores da Marriott que investiram em Pedras D'El Rey. Gente que já ganhou muito e bom dinheiro e que se preparava para continuar a ganhar com a especulação imobiliária. Os autarcas também embora não gostem de ouvi-lo.

Já quanto aos segundos, contam-se Marques Mendes e toda a direcção do PSD, agora também de candeias às avessas e que depois de ter corrido a abraçar o Poceirão e todas miragens que pudessem jogar contra o Governo, vieram logo a correr aplaudir a solução Alcochete. Nada a que não nos tivessemos habituado já.

Triste, muito triste, continua a ser o papel de Mário Lino, que continua a afinar pelo diapasão da asneira. Desta vez, depois de ter engolido um sapo do tamanho da OTA, recebeu a delegação dos autarcas do Oeste e, imagine-se, manifestou-lhes solidariedade. Depois de tudo o que já aconteceu e de todos os jamais (à francesa)que proferiu, era só mesmo o que faltava ter um ministro solidário com a especulação, com o despesismo e com a teimosia irracional.
Mas desde quando é que um membro do Governo, e numa questão como a da construção de um novo aeroporto internacional, tem legitimidade ou autoridade política para poder manifestar solidariedade a, verdade seja dita, interesses privados, interesses locais e compadrios regionais, quando se sabe que em causa está o interesse nacional, uma decisão que a todos afecta a médio e longo prazo e que se repercute ao longo de décadas no bolso de todos os contribuintes?

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