terça-feira, maio 15, 2007

AINDA EM CONSTRUÇÃO E JÁ A DAR CARTAS

O espectáculo miserável e xenófobo que tem vindo a ser dado pelos media britânicos em relação a Portugal, aos portugueses e, em especial, à Polícia Judiciária, já há muito que merecia aqui umas linhas. É certo que a baixeza da imprensa britânica, mesmo da mais recomendável, contrasta com as tomadas de posição públicas por parte do embaixador do Reino Unido e dos familiares da pequena Madeleine McCann. Mas tais factos não escamoteiam a natureza dos comentários que têm vindo a ser feitos. Que os ingleses, e em especial a sua imprensa escrita e a televisão, sejam ignorantes em matéria de sistemas jurídicos, leis e de geografia - a Inglaterra não fica no centro do mundo - não constitui um facto novo. Nova é a pretensão de quererem dar lições de investigação e de ética policial e jornalística. Para quem até hoje, como já alguém lembrou, foi incapaz de desvendar quem era "Jack, o Estripador", e é mundialmente famoso pelo envolvimento de muitos dos seus nacionais em actividades de turismo sexual (Brasil, Jamaica, Filipnas, Tailândia), em redes, sites e revistas pedófilas, não deixa de ser curiosa tanta jactância. Durante horas e horas a fio, a Sky News e a BBC, acompanhadas de uns quantos curiosos armados em "especialistas", têm vindo a debitar um número impressionante de alarvidades.

O jornalista Paulo Reis, um velho conhecido de outras lides (e também de Carlos Melancia e do general Rocha Vieira), titular da carteira profissional n.º 734, como ele faz questão de frisar, iniciou um novo blogue, chamado Gazeta Digital, que embora esteja ainda "em construção" já começou a dar cartas. E não o faz por pouco, já que pegou logo no caso da pequena Madeleine para defender a sua dama. Por via das eventuais dúvidas sobre a mensagem e os respectivos destinatários, fá-lo mesmo em inglês.

Aqui fica um extracto:

"(...) Sky News journalist compared the two situations and the conclusion was that the track record of Portuguese Police was a bad one. This is sheer manipulation. Comparing two singles cases and taking conclusions like Sky News did, is going against basic principles from the Code of Practice enforced by the Press Complaints Office, like the obligation of the Press “not to publish inaccurate, misleading or distorted information, including pictures” and the need to correct it, with due prominence.
I’ll remind you that in UK, according to the
UK National Police Missing Persons Bureau, there was an average of 124 unsolved cases of missing children under 14, on the last four years. In Portugal, from the 80 cases of missing persons still open, from a legal point of view [missing for more than one year] only nine are children and one of them is Madeleine.In 2006, the Instituto de Apoio à Criança (IAC, a government department in charge of monitoring child abuse) registered 31 cases of missing underage (-18 years) persons. 24 of them were found by the police. This is a rate of 77, 43 % of success in finding missing children. Two of them were found to be dead. So let’s put these figures very clear: Portuguese Police has a track record of finding 77, 43 % of missing children, even if 6,45 % of those children were found dead, and 22,58 % are still missing [mainly adolescents running from home]. From those 31 missing children, only 5 [6.45] were between one and five years old.
I challenge Sky News, the all British Media and every of those British citizens that have been posting, in blogs, sites and forums so many insulting, offensive, slanderous, racists and defamatory comments about the Portuguese police, to produce the same statistical data about British Police. Than, we can see which one has a bad track record, has Sky News concluded, after a carefully planned manipulation of facts, disguised as “journalism
”.


P.S. O nível dos correspondentes da Sky News pode, aliás, ser avaliado por este naco de prosa de Martin Brunt, publicado no seu próprio site: "One paper seems to have good contacts. The rest of the stuff is best described as "culhoes". In neighbouring Spain that would be "cojones." Se eu mandasse na PJ mandava-os a todos para um certo sítio que eu cá sei. Acabava-se a conversa, que esta malta só com uma marreta em cima é que vai ao lugar. Um nojo.

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